Congresso Nacional debate projeto de marco temporal para terras indígenas em sessão conjunta com 40 itens na pauta.

Nesta quinta-feira (9), deputados e senadores se reúnem em sessão conjunta do Congresso Nacional para analisar projetos de lei e vetos presidenciais, com destaque para o veto ao PL 2.903/2023, que trata do marco temporal para demarcação de terras indígenas. A pauta inclui 40 itens, sendo 33 vetos e 7 projetos de lei, e a sessão está programada para começar às 10h.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 14.701 de 2023, porém vetou um dispositivo que estabelecia que os povos indígenas só teriam direito às terras que ocupavam ou reivindicavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição Federal.

Esse dispositivo, conhecido como marco temporal, teve origem no projeto de lei PL 2.903/2023, apresentado pelo ex-deputado Homero Pereira e aprovado pelo Senado em setembro, sob relatoria do senador Marcos Rogério (PL-RO). Entre as justificativas do veto ao marco temporal, o presidente argumenta que a iniciativa do Legislativo contraria o interesse público e incorre em vício de inconstitucionalidade “por usurpar direitos originários” já previstos na Constituição. Além disso, o presidente lembra que a tese do marco temporal já foi rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que a decisão possui repercussão geral.

No julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 1017365, o STF rejeitou a possibilidade de adotar a data da promulgação da Constituição como marco temporal para definir o direito à ocupação tradicional da terra pelas comunidades indígenas.

Além do veto ao marco temporal, o presidente também vetou a exploração econômica das terras indígenas, inclusive em cooperação ou com contratação de não indígenas, e rejeitou trecho que garantia que “não haverá qualquer limitação de uso e gozo aos não indígenas que exerçam posse sobre a área, garantida a sua permanência na área objeto de demarcação”.

Durante a sessão, cada veto presidencial pode ser rejeitado, no total ou em parte, desde que obtenha maioria absoluta de votos, ou seja, pelo menos 257 votos de deputados e 41 votos de senadores. Caso não alcance essa votação, o veto é mantido.

Além dos vetos presidenciais, a pauta do Congresso também conta com projetos de lei que abrem créditos adicionais para o Orçamento federal deste ano, incluindo o PLN 21/23, que destina R$ 393 milhões para a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).

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