No âmbito estadual, a oposição concentrou seus ataques nas privatizações, estabelecendo uma conexão entre o processo de venda da Sabesp e os problemas enfrentados no fornecimento de energia. Os partidos argumentam que as privatizações estão levando a cortes de pessoal e redução de investimentos. De acordo com líderes petistas, a empresa responsável pelo fornecimento de energia em São Paulo reduziu em mais de 30% seu quadro de funcionários desde 2019.
“O prejuízo causado pela Enel a milhões de paulistas é reflexo da política privatista. E isso serve como um grande alerta sobre o que pode acontecer com o serviço de água e esgoto de São Paulo se Tarcísio seguir em frente com a venda da Sabesp”, afirmou o deputado Emidio de Souza (PT).
Já a oposição municipal direcionou seus ataques ao prefeito Ricardo Nunes, pensando nas próximas eleições. Além de criticar a privatização do fornecimento de energia, o pré-candidato à prefeitura paulistana, Guilherme Boulos (PSOL-SP), aproveitou a participação de Nunes em eventos como uma luta de UFC e o Grande Prêmio de Fórmula 1 para questionar o seu comprometimento com a administração da cidade. “É o prefeito Rei do Camarote. É brincadeira”, disse Boulos.
A oposição também está tentando se posicionar como voz ativa no debate sobre uma eventual indenização para os usuários prejudicados pelo apagão. Segundo informações da CNN, o governador Tarcísio vai defender que as concessionárias responsáveis devem ressarcir os consumidores e comerciantes pelos prejuízos. A oposição pretende transformar essa demanda em um projeto de lei, que poderá ser apresentado ainda nesta semana na assembleia paulista.
Os partidos de oposição acreditam que o apagão funcionou como uma demonstração do despreparo das empresas privatizadas e que isso terá um impacto significativo no debate sobre a privatização da Sabesp. “As pessoas perceberam que a empresa privatizada corta equipes e demite pessoas. A Enel não estava preparada. Essa comoção terá um grande impacto na privatização da Sabesp”, afirmou o líder do PT na Assembleia, Paulo Fiorilo.
A CNN entrou em contato com o prefeito Ricardo Nunes para comentar as declarações de Boulos, mas ainda não obteve resposta. A oposição já encaminhou ofícios à Arsesp e à Aneel solicitando explicações sobre a suspensão do fornecimento de energia e está estudando a possibilidade de levar o tema à Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara.
O apagão de energia elétrica em São Paulo continua gerando repercussões políticas e promete manter-se como um assunto de destaque nos próximos dias. A oposição pretende utilizar essa situação para fortalecer suas críticas aos governos e para reforçar sua influência no debate sobre os serviços públicos e privatizações.