Portinari acreditava que era preciso organizar a luta pela paz e unir todas as pessoas de boa vontade, independentemente de suas crenças ou raças, nesse ideal. Ele desejava que, juntos, os povos do mundo todo pudessem levar a causa da paz até a vitória final, através de ações concretas.
No entanto, apesar de ter sido amplamente divulgada em todos os idiomas, a utopia defendida pelo pintor não foi suficiente para sensibilizar a maioria das pessoas responsáveis por garantir a paz mundial. Essa falta de sensibilidade pode ser percebida até mesmo na música de John Lennon, que pediu uma chance para a paz, mas não foi ouvido.
Um provérbio em latim diz: “Se vis pacem, para bellum” que significa “quem quer a paz, deve estar pronto para a guerra”. Parece que essa frase ainda se aplica nos dias de hoje, quando assistimos às guerras sendo retratadas na televisão como se fossem apenas filmes do velho oeste americano, onde os “caras pálidas” têm o poder de expulsar os indígenas de suas terras.
Portinari retratou em seu painel da Paz crianças brincando e se divertindo, representando a inocência que é destruída pela guerra. No entanto, a realidade é que as guerras continuam fazendo vítimas inocentes, particularmente crianças e mães, que são as mais afetadas por essa calamidade.
Ao ver a exposição dos painéis de “Guerra e Paz” no Brasil, fica evidente que Portinari acreditava que a guerra sempre foi e continuará sendo um evento intrínseco ao ser humano. Ele era um defensor dos Direitos Humanos e acreditava que as guerras na Europa e no Oriente Médio eram reflexo da incompetência da Humanidade em resolver seus problemas de convivência.
Infelizmente, essas guerras têm potencial para se transformarem em um verdadeiro apocalipse, como simbolizado por Portinari em sua obra pelos quatro cavaleiros da fome e do sofrimento gerados pela guerra.
Cândido Portinari, um dos maiores artistas brasileiros, deixou uma mensagem poderosa através de suas obras. Infelizmente, essa mensagem ainda não foi totalmente assimilada pela Humanidade, pois continuamos vivendo em um mundo marcado por conflitos e guerras. Resta-nos refletir sobre as palavras de Portinari e buscar, de maneira conjunta, a conquista da paz mundial.
