Câmara dos Deputados aprova criação da bancada negra, garantindo voz e assento no Colégio de Líderes.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 1º, uma importante demanda dos deputados, a criação da bancada negra. Esse grupo terá representatividade política e terá o direito a cinco minutos semanais de fala no plenário, além de um assento no Colégio de Líderes, órgão responsável por deliberar sobre as votações na Casa.

A criação da bancada negra foi bem recebida pela maioria dos partidos, com exceção do Novo, que se posicionou contrariamente. O PL liberou seus parlamentares para votar como quisessem, enquanto as demais siglas orientaram seus deputados a apoiar a proposta. Vale ressaltar que não haverá aumento de gastos por parte da Câmara dos Deputados.

De acordo com Antonio Brito, líder do PSD e relator do projeto de resolução, 31 deputados se autodeclararam pretos e 91 se identificaram como pardos. Estima-se que a bancada negra corresponda a cerca de 24% dos parlamentares da Casa. Brito destacou que não haverá custos adicionais para a Câmara dos Deputados, deixando claro que não haverá ônus aos cofres públicos. O projeto altera o regimento interno da Câmara, seguindo o exemplo da bancada feminina.

A criação dessa bancada é coerente com uma emenda constitucional aprovada pelo Congresso em 2021, que determina que os votos dados a candidaturas de mulheres e negros nas eleições realizadas de 2022 a 2030 contarão em dobro para a distribuição dos recursos dos fundos eleitoral e partidário entre os partidos.

O líder do PSD ressaltou que a criação da bancada negra não é um gesto contrário a ninguém, mas sim a favor de todos. Ele enfatizou a importância de que os parlamentares negros estejam presentes no cenário político, não apenas para ter acesso a recursos eleitorais ou para cumprir cotas de gênero e raça, mas sim para honrar o país.

A deputada Taliria Petrone, autora do projeto de resolução, destacou a importância histórica desse momento, lembrando os quase quatro séculos de escravidão no Brasil e a abolição inconclusa. Ela ressaltou que a luta pela igualdade e democracia no país ainda está em andamento.

A deputada Benedita da Silva, visivelmente emocionada, expressou sua satisfação com a criação da bancada negra. Com 81 anos de idade dedicados à política, ela se sente recompensada e confiante de que essa bancada dará continuidade a uma luta de séculos.

A criação da bancada negra é um importante avanço para a representatividade política no país. Ao garantir espaço e voz para os deputados negros, a Câmara dos Deputados demonstra seu compromisso com a diversidade e a inclusão, buscando uma sociedade mais igualitária. A expectativa agora é que a bancada negra possa contribuir para a promoção de debates e ações que visem a redução das desigualdades raciais no Brasil.

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