Origem do Dia de Finados: a crença medieval de ajudar os mortos a alcançar a salvação influencia as tradições atuais

O Dia de Finados, celebrado no Brasil, é uma data marcada por costumes como visitar túmulos de familiares e enfeitá-los com flores. No entanto, poucos conhecem a origem dessa tradição, que está relacionada a uma mudança significativa nas ideias sobre a morte entre os cristãos da Idade Média. Há mais de mil anos, fortaleceu-se a crença de que as práticas religiosas desse dia poderiam ajudar os mortos a alcançar a salvação com mais facilidade.

Embora orações em favor de entes queridos já fossem feitas desde os primeiros séculos do cristianismo, as versões mais antigas da fé não explicavam em detalhes como isso poderia beneficiar os defuntos. O Novo Testamento fazia entender que as pessoas que morressem ficariam “adormecidas” até o retorno de Jesus Cristo e do Juízo Final, quando seriam julgadas por Deus. Porém, posteriormente, desenvolveu-se a crença de que alguns fiéis cristãos poderiam ir para o Céu imediatamente após a morte, enquanto outros ficariam em um estado intermediário de espera.

Com o tempo, surgiu a ideia de que os vivos poderiam ajudar essas almas em estado de espera por meio de orações, penitências e outros atos de religiosidade. Essa crença foi influenciada por relatos místicos do fim da Antiguidade e início da Idade Média, nos quais almas sofriam punições no Além e pediam que os vivos rezassem por elas.

Um desses relatos chegou aos ouvidos de Odilo de Cluny, importante figura da ordem religiosa dos beneditinos na França. Odilo foi o primeiro a celebrar o Dia de Finados em 2 de novembro, estabelecendo que os fiéis deveriam jejuar, dar esmolas aos pobres e ir à missa. A data, que ocorre um dia depois do Dia de Todos os Santos, dedicado aos que a Igreja considera já estarem junto de Deus, tornou-se popular rapidamente graças ao prestígio de Odilo e sua comunidade em Cluny.

Ao mesmo tempo, surgiram as universidades e o ensino formal da teologia, que propiciaram a formalização da doutrina do Purgatório. Essa doutrina defendia que a maioria dos fiéis defuntos teria que enfrentar uma condição intermediária antes de serem admitidos ao Céu e que as orações e práticas realizadas no Dia de Finados poderiam abreviar essa provação.

Hoje, a doutrina da Igreja Católica segue esses pressupostos. No Dia de Finados, recomenda-se aos fiéis fazer a confissão e a comunhão, visitar um cemitério para rezar pelos defuntos e também rezar pelo papa.

Portanto, o Dia de Finados surgiu a partir de uma mudança nas ideias sobre a morte na Idade Média e se tornou uma data importante para os cristãos honrarem seus mortos e rezarem por suas almas.

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