Com uma vasta experiência de quase 60 anos na diplomacia e 82 anos de idade, Amorim afirmou que dificilmente já viu uma situação tão séria quanto a atual no mundo. Ele comparou a crise dos mísseis de Cuba, na qual todos corriam riscos graves, com a disseminação do ódio e a polarização das mentes que prevalece hoje.
O preocupante para Amorim é o fato de que a situação atual, marcada pelas guerras entre Israel e o Hamas e entre a Ucrânia e a Rússia, é muito mais grave do que a crise dos mísseis de Cuba. Ele ressaltou que a multiplicidade de atores envolvidos e a mistura entre os conflitos tornam a situação ainda mais delicada. Para ele, o enfraquecimento da ONU é algo que deve ser extremamente preocupante para todos.
Durante sua palestra, Amorim também abordou os esforços brasileiros para buscar uma resolução humanitária para a guerra entre Israel e Hamas. Ele considerou as tentativas de se chegar a um acordo algo “heroico” e destacou que o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, estava em Nova York tentando aprovar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU. Além de defender as pessoas que estão sofrendo na região, Amorim ressaltou a importância de proteger as Nações Unidas nesse contexto.
O ex-chanceler brasileiro também mencionou que o governo brasileiro dará maior atenção às relações com a África no próximo ano. Ele afirmou que 2023 será, em grande medida, o ano da África na política externa brasileira. Amorim destacou que, neste ano, foi necessário que o Brasil se reinserisse no mundo e que o presidente Lula esteve presente em diversos eventos internacionais, visando fortalecer a integração da América do Sul e a presença do país na América Latina. Ele ainda ressaltou a importância da visita simbólica a Angola. No entanto, Amorim garantiu que no próximo ano haverá uma atenção redobrada voltada para o continente africano.