Infecção por fungo em cirurgias de catarata deixa pacientes cegos no Amapá

No início de setembro, um mutirão de cirurgias contra catarata realizado no estado do Amapá resultou na infecção de 104 pacientes de um total de 141. A infecção foi causada pelo fungo Fusarium, que provocou um quadro de endoftalmite, uma infecção rara que atinge a parte interna do olho. Alguns pacientes relataram terem perdido a visão após o procedimento.

O mutirão faz parte do Programa Mais Visão, que recebe recursos de emenda parlamentar e é executado por uma empresa contratada através de convênio entre o estado e o Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate (Capuchinhos). O programa teve início no ano passado no Amapá e já realizou mais de 100 mil atendimentos, sendo a maior demanda por cirurgias de catarata, com 50 mil procedimentos.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Amapá, os recursos federais são repassados à entidade, que contratou uma empresa terceirizada responsável pelos procedimentos aos pacientes. O último repasse foi feito em setembro. A secretaria ressalta que o programa teve sucesso em diversos casos, resultando no retorno total da visão para muitos pacientes. No entanto, diante do ocorrido, os Capuchinhos suspenderam os atendimentos assim que os primeiros relatos de infecção surgiram. Em 6 de outubro, o programa foi completamente suspenso.

O governo do estado está prestando apoio às famílias dos pacientes, acompanhando de perto os serviços médicos oferecidos pela empresa responsável, garantindo atendimento 24 horas, medicação, transporte, deslocamento para outros estados e atendimento psicológico.

Na semana passada, o Ministério Público do Amapá realizou uma reunião com representantes dos órgãos envolvidos no incidente do Programa Mais Visão. Estiveram presentes o governador do estado, a secretária de Saúde, o procurador-geral do estado e a superintendente de Vigilância em Saúde, além de representantes do Laboratório Central, da Defensoria Pública e dos Capuchinhos, bem como diretores do programa.

A situação gerou grande preocupação e o Ministério Público continua acompanhando o caso de perto para garantir que as responsabilidades sejam apuradas e medidas sejam tomadas para evitar que situações semelhantes ocorram no futuro. A segurança e a saúde dos pacientes são prioridades e é fundamental que a população tenha confiança nos serviços de saúde oferecidos.

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