Durante a inauguração do primeiro AME (Ambulatório Médico de Especialidade) com atenção exclusiva à saúde feminina, o governador afirmou que a compra das câmeras não é uma prioridade no momento devido à atual situação financeira do estado. Ele alegou que houve uma frustração significativa da receita e que existem outras áreas da segurança pública que merecem investimento, como o aumento do policiamento ostensivo e o pagamento da Dejem, um trabalho extra remunerado para os policiais durante a folga. Segundo Tarcísio, esses investimentos proporcionam benefícios para os cidadãos.
Apesar disso, o governador declarou que pretende manter os cerca de 10 mil equipamentos já existentes. No entanto, no início do mês, Tarcísio havia cortado R$ 15,2 milhões das câmeras corporais da Polícia Militar paulista, em mais um corte no programa.
O programa de câmeras corporais já havia sofrido um corte de R$ 11 milhões em agosto, representando 10% do total aprovado para o ano de 2023. Essa redução nos investimentos acontece em um momento delicado, em que o número de mortes causadas por PMs cresceu significativamente. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, foram registradas 106 mortes entre julho e setembro deste ano, contra 57 no mesmo período do ano anterior. O número de mortes causadas por PMs de folga também aumentou, passando de 26 para 33 nesse terceiro trimestre.
Uma parte preocupante desses números é que durante a Operação Escudo em Guarujá e Santos, realizada pela Polícia Militar, foram registradas 28 mortes. Nessas ações, muitos policiais não utilizavam as câmeras corporais, o que dificulta a identificação de possíveis abusos e irregularidades. No entanto, o governo nega que tenha havido qualquer abuso nessas operações.
É importante lembrar que durante a campanha eleitoral em 2022, Tarcísio chegou a afirmar que iria retirar a obrigatoriedade do uso das câmeras nas fardas dos policiais, mas posteriormente recuou e disse que iria ouvir especialistas antes de tomar qualquer decisão. A implementação dessas câmeras trouxe resultados positivos na redução das mortes de suspeitos e policiais, além de ser uma forma eficiente de coletar provas.
No entanto, diante da atual situação financeira do estado e das prioridades definidas pelo governador, parece que a compra de novas câmeras corporais para a Polícia Militar de São Paulo terá que esperar, mesmo com o aumento da letalidade policial e a necessidade de maior transparência e responsabilização na atuação dos agentes de segurança pública.