Governador de SP descarta compra de novas câmeras corporais para a polícia, enquanto letalidade policial cresce 86% em comparação ao ano anterior

O governador Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, anunciou que não tem planos de comprar novas câmeras corporais para uso da Polícia Militar de São Paulo. Essa decisão foi tomada mesmo diante do aumento de 86% na letalidade policial no terceiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Durante a inauguração do primeiro AME (Ambulatório Médico de Especialidade) com atenção exclusiva à saúde feminina, o governador afirmou que a compra das câmeras não é uma prioridade no momento devido à atual situação financeira do estado. Ele alegou que houve uma frustração significativa da receita e que existem outras áreas da segurança pública que merecem investimento, como o aumento do policiamento ostensivo e o pagamento da Dejem, um trabalho extra remunerado para os policiais durante a folga. Segundo Tarcísio, esses investimentos proporcionam benefícios para os cidadãos.

Apesar disso, o governador declarou que pretende manter os cerca de 10 mil equipamentos já existentes. No entanto, no início do mês, Tarcísio havia cortado R$ 15,2 milhões das câmeras corporais da Polícia Militar paulista, em mais um corte no programa.

O programa de câmeras corporais já havia sofrido um corte de R$ 11 milhões em agosto, representando 10% do total aprovado para o ano de 2023. Essa redução nos investimentos acontece em um momento delicado, em que o número de mortes causadas por PMs cresceu significativamente. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, foram registradas 106 mortes entre julho e setembro deste ano, contra 57 no mesmo período do ano anterior. O número de mortes causadas por PMs de folga também aumentou, passando de 26 para 33 nesse terceiro trimestre.

Uma parte preocupante desses números é que durante a Operação Escudo em Guarujá e Santos, realizada pela Polícia Militar, foram registradas 28 mortes. Nessas ações, muitos policiais não utilizavam as câmeras corporais, o que dificulta a identificação de possíveis abusos e irregularidades. No entanto, o governo nega que tenha havido qualquer abuso nessas operações.

É importante lembrar que durante a campanha eleitoral em 2022, Tarcísio chegou a afirmar que iria retirar a obrigatoriedade do uso das câmeras nas fardas dos policiais, mas posteriormente recuou e disse que iria ouvir especialistas antes de tomar qualquer decisão. A implementação dessas câmeras trouxe resultados positivos na redução das mortes de suspeitos e policiais, além de ser uma forma eficiente de coletar provas.

No entanto, diante da atual situação financeira do estado e das prioridades definidas pelo governador, parece que a compra de novas câmeras corporais para a Polícia Militar de São Paulo terá que esperar, mesmo com o aumento da letalidade policial e a necessidade de maior transparência e responsabilização na atuação dos agentes de segurança pública.

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