Durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, Lula afirmou que a meta estabelecida por Haddad dificilmente será alcançada. O presidente ressaltou que o mercado é “ganancioso” e faz cobranças irreais ao governo. Ele declarou que o governo não pretende cortar investimentos e obras para atingir a meta zero.
Enquanto isso, Haddad defende a meta de déficit zero como uma necessidade para que o Arcabouço Fiscal funcione. No entanto, outros integrantes do governo estão tentando reduzir a meta. Gleisi Hoffmann publicou em seu perfil no antigo Twitter que a fala de Lula não desautoriza Haddad, mas sim traz a responsabilidade da política fiscal para si.
A presidente do PT elogiou o ministro da Fazenda, mas deixou claro que o cumprimento da meta fiscal não depende apenas dele. Ela criticou abertamente Roberto Campos Neto, alegando que nem tudo depende da equipe econômica, como o crescimento da receita, por exemplo. Gleisi também mencionou que o Congresso Nacional, decisões judiciais e postergações administrativas são obstáculos para o cumprimento da meta. Além disso, ela destacou a taxa de juros mantida pelo Banco Central como um problema.
Gleisi descartou a possibilidade de uma reação negativa do Congresso em relação às declarações de Lula, afirmando que isso é apenas especulação da mídia. Ela ressaltou que Lula reconheceu que a realidade não permitirá o resultado almejado e que a meta precisará ser reavaliada. Segundo a presidente do PT, metas mais realistas tornam as negociações políticas menos complicadas.
No entanto, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024, Danilo Forte, considerou as declarações de Lula “brochantes” e afirmou que elas causam constrangimento ao ministro Fernando Haddad, que tem se esforçado para atingir o déficit zero.
Analistas do mercado veem com preocupação as declarações de Lula, pois acreditam que elas enfraquecem os esforços da equipe econômica e dão força para a ala política que busca o aumento de despesas. O colunista do Estadão Ricardo Corrêa escreveu que as declarações do presidente dão mais munição para os ataques ao governo e que os ministros, incluindo Haddad, terão trabalho nos próximos dias para lidar com esses problemas.
Em resumo, a declaração de Lula sobre a meta de déficit zero em 2024 tem gerado polêmica e divergências no governo. Enquanto Gleisi Hoffmann defende o posicionamento do presidente, outros membros do governo e analistas de mercado se mostram preocupados com as consequências disso para as contas públicas. Agora, cabe ao governo lidar com os desafios e encontrar soluções para cumprir suas metas fiscais.