Pesquisadores encontram 23 carcaças de botos-vermelhos e tucuxis em lagos de Coari, no Amazonas, gerando preocupações sobre a causa das mortes.

Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) descobriram 23 carcaças de botos-vermelhos e tucuxis em lagos de Coari, município vizinho a Tefé, onde mais de 150 animais já haviam morrido desde setembro. Segundo um boletim divulgado na sexta-feira (27) pelos institutos de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Ufam, a maioria das carcaças estava em estado avançado de decomposição, apontando que os animais haviam morrido há alguns dias.

Amostras dos animais mortos estão sendo coletadas para análise na busca de entender a causa dessas mortes. A hipótese mais provável é a alta temperatura da água. Para monitorar essa variável, sensores automáticos serão instalados para acompanhar o parâmetro. Além disso, amostras de água também serão coletadas para análise físico-química em laboratório.

Em Tefé, pesquisadores do Instituto Mamirauá continuam monitorando os botos-vermelhos e tucuxis do Lago Tefé, assim como a qualidade da água. Equipes de voluntários e profissionais estão apoiando as atividades de monitoramento.

Devido ao baixo nível do lago, há chance da temperatura da água subir e comprometer os animais residentes. Nos últimos dias, a temperatura da água no ponto P1 de monitoramento tem se mantido elevada entre 36°C e 37,7°C.

Um flutuante de reabilitação foi montado para receber e tratar animais com sinais clínicos drásticos. Desde o dia 23 de setembro, foram registradas 155 mortes de botos e tucuxis na região do Lago Tefé. Dos animais mortos, 123 já passaram por exames de necrópsia, com amostras de tecidos e órgãos enviados para laboratórios especializados em todo o Brasil.

No dia 28 de setembro, quando a temperatura da água chegou a 39,1°C no período da tarde, causando a morte de 70 botos, uma operação foi montada para socorrer os animais ainda vivos.

Para evitar mais mortes, os pesquisadores montaram um cordão para isolar trechos mais quentes do Lago Tefé e conduzir os botos para áreas mais profundas, onde a temperatura é mais baixa.

Embora a alta temperatura seja a causa mais provável, os pesquisadores não descartam outras possibilidades como contaminação da água ou doenças nos animais. Além das altas temperaturas durante a tarde, há uma grande variação da temperatura da água ao longo do dia, oscilando entre 28°C e 38°C diariamente.

Análises histológicas e o diagnóstico molecular (PCR) realizados em alguns animais não indicaram a presença de agentes infecciosos relacionados como causa primária da mortalidade. Os resultados foram negativos para os agentes Morbillivirus, Toxoplasma, Clostridium, Mycobacterium e Pan-fúngico, ligados às mortes em massa.

As investigações sobre essas mortes de botos e tucuxis ainda estão em andamento, e espera-se que as análises das amostras colhidas ajudem a esclarecer o que está causando essa tragédia ambiental.

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