Lula se opõe ao uso da GLO para enfrentar a milícia e condenados por ataques, afirma presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido, o PT, se posicionaram contra o uso do novo decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para solucionar questões de segurança pública. Em um café com jornalistas, Lula afirmou que não pretende acionar uma GLO para lidar com as ameaças causadas pelas milícias no Rio de Janeiro. Além disso, o presidente descartou a utilização dessa ferramenta para lidar com os condenados pelos ataques ocorridos em 8 de janeiro.

Lula declarou que não deseja ver as Forças Armadas envolvidas em conflitos com criminosos nas favelas, pois não é essa a função das mesmas. Segundo ele, sua missão como presidente é governar o país.

Vale lembrar que em abril deste ano, Lula solicitou ao Congresso que retirasse de tramitação dois projetos de lei propostos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que tinham como objetivo anistiar militares de crimes cometidos durante a vigência de uma GLO. Essas propostas sugeriam a criação de uma nova “excludente de ilicitude”.

Durante o governo Bolsonaro, houve um aumento significativo da presença de militares nas esferas do governo. O próprio presidente, além do vice-presidente, ministros e outras figuras importantes, têm origem nas Forças Armadas. No primeiro ano do governo Bolsonaro, o número de militares ocupando cargos de alto escalão praticamente dobrou, passando de 381 para 623. Em 2021, esse número chegou a 742. Em julho de 2022, a Controladoria-Geral da União constatou que 2.327 militares ocupavam cargos no governo de forma irregular.

A GLO, ou Garantia da Lei e da Ordem, é uma intervenção militar temporária e restrita a um local determinado, que só pode ser decretada pelo presidente da República. Segundo o Ministério da Defesa, essa medida é adotada quando as forças tradicionais de segurança pública não são suficientes para lidar com graves perturbações da ordem. O uso da força é autorizado, mas não se trata de uma operação de guerra.

No governo Lula, uma das principais bandeiras é a desmilitarização dos espaços institucionais. Embora a GLO seja uma intervenção pontual e com prazo para acabar, concede aos militares o poder sobre algumas medidas de gestão e gerência de recursos públicos. Por isso, parlamentares petistas cogitaram propor uma alteração no artigo 142 da Constituição, que fundamenta os decretos de GLO, com o objetivo de restringir a possibilidade de sua edição.

Lula deixou claro que não permitirá que os militares tenham a mesma influência que tinham no governo de seu antecessor, demitindo 155 militares do governo em menos de um mês. Ele também transferiu a Agência Brasileira de Inteligência, que está sendo investigada por atos de espionagem ilegais, do Gabinete de Segurança Institucional para a Casa Civil.

Portanto, ao declarar que não pretende acionar uma GLO enquanto for presidente, Lula reforça sua postura em relação à desmilitarização e endossa medidas já tomadas pelo PT desde o início de seu governo.

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