Estudo revela alta contaminação de bacia hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí por compostos químicos perigosos

A bacia hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, conhecida como bacia PCJ, é de extrema importância para o abastecimento de água de mais de 5,8 milhões de pessoas em 76 municípios do estado de São Paulo. Com uma área de drenagem de mais de 14 mil km2, essa região enfrenta atualmente uma crise de escassez hídrica, resultado do uso intensivo da água pela agricultura, indústria e população.

No entanto, a escassez hídrica não é o único desafio enfrentado pela bacia PCJ. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com outras instituições nacionais e estrangeiras revelou que os rios, riachos e córregos que compõem a bacia estão fortemente contaminados por efluentes agrícolas, industriais e domésticos.

Os resultados desse estudo, publicado no periódico Chemosphere, revelam a presença de uma grande variedade de contaminantes, incluindo compostos emergentes ainda não legislados. Um grupo desses compostos, chamados de PFAS (perfluoroalquilados), são amplamente utilizados pela indústria em produtos como utensílios antiaderentes recobertos por teflon. Estudos mostram que a exposição a esses compostos está associada ao aumento do risco de câncer, entre outros problemas de saúde.

Além dos PFAS, foram encontrados outros 45 contaminantes nas amostras coletadas, incluindo pesticidas agrícolas, cafeína e bisfenol A (BPA). A presença desses contaminantes representa um risco tanto para a saúde humana quanto para a vida aquática, uma vez que não há tratamento adequado para essas substâncias antes de serem lançadas na água.

A bacia PCJ é uma importante região agrícola e industrial, responsável por 5,3% do PIB brasileiro. A cana-de-açúcar é amplamente produzida em Piracicaba, a indústria têxtil é uma parte fundamental da economia em Americana, e a cidade de Campinas abriga uma grande população. A água da bacia PCJ é utilizada não apenas para o consumo humano, mas também para a irrigação agrícola, sem passar por nenhum tratamento. Além disso, muitas cidades pequenas despejam esgoto diretamente nos rios, sem tratamento prévio.

Diante desse panorama, os pesquisadores enfatizam a necessidade de um programa de monitoramento abrangente para proteger a vida aquática e a saúde humana. Atualmente, a Cetesb realiza medições trimestrais em 91 pontos de amostragem na bacia PCJ, incluindo a concentração de agrotóxicos e alguns compostos emergentes. No entanto, é preciso ampliar esse monitoramento para abranger todos os contaminantes presentes na região.

Em suma, a bacia PCJ enfrenta não apenas a escassez hídrica, mas também uma grave contaminação por diversos compostos químicos. É essencial que sejam tomadas medidas para garantir a qualidade da água e proteger tanto a vida aquática quanto a saúde humana. Um monitoramento abrangente e a implementação de políticas mais rigorosas são fundamentais para reverter essa situação e garantir um futuro sustentável para a região.

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