Pai do atirador em escola de SP é indiciado por posse irregular de arma e omissão

Na última segunda-feira (23), ocorreu um trágico ataque em uma escola pública na zona leste de São Paulo, onde uma aluna foi morta e outras duas ficaram feridas. O pai do atirador, responsável pelo crime, revelou ter recebido uma ligação logo após o ocorrido, despertando em si um misto de confusão e desespero.

Segundo relatos do pai do adolescente de 16 anos, que passou o fim de semana em Santo André com o genitor, o jovem aproveitou o momento em que ele saiu para trabalhar como entregador de aplicativo durante a noite de sábado para vasculhar a casa em busca da arma utilizada no crime. O pai, ao atender a ligação, foi surpreendido com a pergunta se ainda possuía a arma em casa, revelando assim que o seu filho havia pegado a arma e cometido o atentado na escola. O pai, em entrevista, confessou: “Foi quando percebi que a arma não estava mais onde eu havia guardado. Minha reação foi de desespero”.

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O pai do atirador foi interrogado hoje pela manhã na delegacia, fornecendo informações sobre a situação da arma utilizada no crime. De acordo com ele, a arma, um revólver calibre 38, foi adquirida em 1994 como uma medida de proteção, uma vez que exercia uma profissão arriscada envolvendo corte e religação de água. Porém, como a arma não foi recadastrada de acordo com o Estatuto do Desarmamento de 2003, o pai do adolescente foi indiciado por posse ilegal de arma antes mesmo de prestar depoimento.

Em uma entrevista prévia ao interrogatório, o pai explicou que decidiu se apresentar à polícia logo após o atentado porque não queria dar um exemplo errado ao seu filho, fugindo e se tornando um foragido. Ele também mencionou que o motivo pelo qual havia adquirido a arma foi o fato de que a pessoa que o treinou possuía uma arma, o que despertou nele essa mesma necessidade de ter uma para sua própria segurança pessoal.

O pai do atirador afirmou que nunca revelou ao filho sobre a existência da arma, nem a mostrou a ele. Ele também admitiu ter pensado em se desfazer da arma, porém, não sabia qual seria o procedimento adequado e temia os altos custos envolvidos nessa ação, bem como a falta de informação sobre o assunto. Por fim, o pai ressaltou que seu filho era vítima de bullying na escola e havia passado por tratamento psicológico, porém, foi-lhe informado que não possuía nenhum tipo de distúrbio.

Separado da mãe do atirador, o pai buscou seus filhos para passar o fim de semana com eles. No dia seguinte, o adolescente passou a tarde em um salão de beleza, onde participava de um curso para cortar cabelos. Quando deixou os filhos na casa da mãe, o pai afirmou ter sentido uma sensação estranha ao se despedir do adolescente e recebeu um abraço emocionado acompanhado das palavras “Eu te amo”. Essa despedida, segundo ele, ficou marcada por um aperto no coração e a sensação de que algo estava errado.

Em meio a toda essa tragédia, o pai do atirador expressou seu profundo sofrimento e culpa, declarando que jamais imaginou que seu filho seria capaz de cometer um ato tão terrível. Para ele, ser o pai do atirador significa carregar um estigma pesado e enfrentar o olhar acusador das pessoas. Em suas próprias palavras: “Antes, eu tinha um nome. Agora, sou o pai do atirador. Uma menina estava indo para a escola e a mãe falou, quando passou perto de mim: ‘Sai de perto que esse é o pai do atirador da escola'”.

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