O Centro de Estudos em Analytics e Políticas de Segurança (FGV Analytics) tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e atuará a partir das principais demandas da sociedade recebidas pelos canais oficiais do estado. Com base nesses dados, o centro poderá construir uma agenda de problemas e auxiliar na elaboração de soluções por meio da análise e tratamento das informações.
Além dos policiais, os pesquisadores do Centro de Analytics da FGV também participarão da discussão e tentativa de resolução dos problemas. O objetivo é criar um arcabouço de pesquisa que acelere o uso de dados no processo decisório do planejamento e das políticas públicas.
No ano de 2022, a Polícia Militar recebeu cerca de 18 milhões de chamados referentes a 106 tipos de problemas distintos. A maioria das demandas estava relacionada à perturbação de sossego, averiguação de suspeitos e violência doméstica. Segundo o coordenador João Henrique Martins, do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da SSP e vice-diretor do FGV Analytics, parte desses crimes tem uma interface digital, seja nas redes sociais ou na comunicação ponto-a-ponto.
Com o apoio da metodologia e do processo científico da universidade, espera-se poder entregar com mais precisão as soluções que a população precisa no menor tempo possível. A Universidade de São Paulo ajudará a qualificar o debate público sobre segurança, analisando os dados e aplicando a investigação científica.
O diretor do FGV Analytics, João Luiz Becker, ressaltou que a criminalidade já é estudada pela academia, porém a prevenção e redução de crimes são de difícil obtenção, visto que exigem um profundo entendimento da complexa estrutura e dinâmica dos fatos. No entanto, os últimos avanços na ciência de dados e aprendizagem de máquinas oferecem novas maneiras de prever a incidência de crimes e entender os impactos das características da sociedade e dos indivíduos no comportamento criminoso.
O primeiro tema de estudo para o FGV Analytics será a região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo. Os pesquisadores pretendem desenvolver um sistema de monitoramento e avaliação dessa área, buscando entender o tamanho real da população de adictos e de pessoas em situação de rua, assim como identificar aqueles que se dedicam à mendicância. A intenção é diferenciar esses públicos e mensurá-los diariamente, para que seja possível avaliar se as políticas implementadas estão surtindo o efeito desejado.
As informações levantadas durante a análise serão compartilhadas com as agências que atuam no local, como as polícias, secretarias de saúde e assistência social, para que possam construir um sistema de informações com o uso de inteligência artificial. Além disso, serão utilizadas imagens captadas por drones para auxiliar nesse processo.
O FGV Analytics contará com redes de pesquisadores nacionais e internacionais, além de processos de inovação aberta, para acompanhar a incorporação de novas ferramentas e tecnologias e avaliar seu impacto na atividade policial, maximizando os benefícios do uso dessas tecnologias no dia a dia dos agentes de segurança.
Outro tema que será estudado é a proteção digital das escolas, utilizando algoritmos para descobrir agressores ativos antes dos ataques e identificar os chamados replicadores, responsáveis por criar uma percepção de pânico com notícias falsas sobre supostos novos ataques. Esses são apenas alguns dos desafios que o centro de pesquisa pretende enfrentar, utilizando a inteligência artificial e os recursos disponíveis para trazer mais segurança à população.
Com a parceria entre a SSP, a FGV e a USP, espera-se que a pesquisa e análise de dados contribuam para uma melhor eficiência nas políticas de segurança pública em São Paulo, permitindo uma abordagem mais precisa e assertiva na prevenção e combate ao crime.
