Repórter São Paulo – SP – Brasil

Morte de líder de milícia no RJ resulta em onda de violência com ônibus incendiados na zona oeste

O Rio de Janeiro enfrenta mais uma crise na segurança pública após a morte de um miliciano da região, resultando no incêndio de um trem e de 35 ônibus na zona oeste da cidade. Ao longo dos últimos 30 anos, o estado tem adotado políticas de combate ao crime que se mostraram ineficazes, alternando entre o policiamento comunitário e operações letais, segundo especialistas.

Diante dessas sucessivas crises, o governo federal tem oferecido reforço com as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança, mas sem atacar as raízes do problema. O ex-presidente Lula iniciou recentemente mais uma tentativa de apoio ao governo local, enviando agentes da Força Nacional e da Polícia Federal.

A situação no Rio de Janeiro tem um histórico marcado por eventos trágicos. Em junho de 1992, as Forças Armadas foram mobilizadas para reforçar a segurança durante a Eco-92. No ano seguinte, ocorreu a Chacina da Candelária, na qual oito jovens foram mortos por policiais militares de folga no centro da cidade. Em agosto de 1993, houve uma chacina em Vigário Geral, com 21 vítimas, realizada por um grupo de extermínio composto principalmente por policiais militares.

Outros episódios marcantes incluem a Chacina de Nova Brasília 1, em outubro de 1994, com 13 mortos, e a Operação Rio, iniciada no mesmo ano pelas Forças Armadas. Em maio de 1995, ocorreu uma nova ação das polícias Militar e Civil em Nova Brasília, resultando em mais 13 mortes. Esses casos foram levados à Corte Interamericana de Direitos Humanos e se tornaram exemplos de letalidade policial.

Em novembro de 1995, a gestão de Marcello Alencar instituiu a “gratificação faroeste”, que estimulava a letalidade policial. Em dezembro de 1998 e junho de 1999, o Exército foi mobilizado para apoiar a segurança em eventos importantes realizados no Rio de Janeiro.

Em novembro de 2008, o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) teve início, com a instalação da primeira base no morro Santa Marta, em Botafogo. Em novembro de 2010, houve a ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, com apoio das Forças Armadas, que permaneceram nas comunidades por dois anos até a instalação das UPPs. A presença das Forças Armadas também foi notada em eventos como a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude e a visita do papa Francisco, em 2013.

Em fevereiro de 2018, foi iniciada a intervenção federal no Rio de Janeiro, que durou um ano. Em janeiro de 2019, o governador Wilson Witzel assumiu o cargo e extinguiu a Secretaria de Segurança, juntamente com a Corregedoria-Geral Unificada das Polícias. Em maio de 2021, ocorreu a operação mais letal da história do Rio de Janeiro na favela do Jacarezinho, resultando na morte de 28 pessoas, incluindo um policial.

A sucessão de eventos trágicos e as políticas ineficazes adotadas ao longo dos anos demonstram a urgência de uma solução efetiva para a segurança pública no estado. A estratégia de reforço com as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança, embora necessária em determinados momentos, não tem resolvido as questões estruturais que levam o Rio de Janeiro a enfrentar constantes crises nessa área. É fundamental uma abordagem mais ampla, que ataque as raízes do problema, promovendo mudanças efetivas nas políticas de segurança e investimentos em áreas como educação, saúde e infraestrutura.

Sair da versão mobile