Repórter São Paulo – SP – Brasil

Conflito no Oriente Médio ameaça esforços globais contra as mudanças climáticas e aumenta risco de alta nos preços de petróleo.

Conflito no Oriente Médio ameaça esforços globais contra mudanças climáticas

Os esforços globais para enfrentar as mudanças climáticas já estão obscurecidos pela amargura e desconfiança entre os países. Agora, um redemoinho crescente de conflito no Oriente Médio ameaça fraturar um mundo já dividido, aumentar os preços do petróleo e gás em um momento de inflação global persistentemente alta e direcionar recursos financeiros para a guerra, em vez de desacelerar as mudanças climáticas.

O fato de que os confrontos entre Israel e Hamas estão ocorrendo em uma região rica em energia amplia o risco. Os países tendem a querer garantir seus suprimentos de petróleo e gás em vez de fazerem a transição para fontes de energia alternativas, mesmo após o verão mais quente já registrado no hemisfério norte.

Até agora, os vencedores são os produtores de armas e, em menor grau, de petróleo. As ações relacionadas à defesa aumentaram, e os preços do petróleo subiram ligeiramente. Os ecos históricos são arrepiantes, lembrando o embargo árabe de petróleo que abalou os mercados de energia há 50 anos, provocado pela guerra árabe-israelense de 1973.

Tudo isso torna a próxima rodada de negociações climáticas, agendada para o final de novembro nos Emirados Árabes Unidos, um estado petroleiro do Golfo Pérsico, ainda mais complicada.

As próximas semanas serão cruciais. Se o conflito se espalhar pelo Oriente Médio, provavelmente irá destruir as esperanças de alcançar um acordo global sobre qualquer outra coisa, incluindo a crise compartilhada do clima.

“Este é um teste fundamental para saber se as nações podem isolar a diplomacia climática das crises imediatas”, disse Comfort Ero, presidente do International Crisis Group, uma organização de pesquisa.

Os líderes dos Emirados Árabes Unidos, responsáveis por unir os países nas negociações climáticas, enfrentam um desafio particularmente difícil. Eles são responsáveis por unir os países nas negociações climáticas, ao mesmo tempo em que é esperado que defendam a causa dos palestinos no Conselho de Segurança da ONU.

O conflito eclodiu em um momento de muitas crises em um mundo profundamente dividido. Ele ocorre após uma pandemia e em meio a uma guerra na Ucrânia que afetou as economias, aumentou os preços de alimentos e combustíveis e agravou a fome entre as pessoas mais pobres do mundo.

As tensões entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo e também os dois maiores emissores de gases de efeito estufa, já se refletiram na política climática. Após a invasão russa da Ucrânia, Moscou e Pequim fortaleceram seus laços.

Ao mesmo tempo, a Índia está comprando petróleo com desconto da Rússia, e a Rússia está cortejando países na África e no Oriente Médio.

Entre as nações menos ricas do mundo, as queixas estão se acumulando devido à falha do Ocidente em compartilhar acesso às vacinas contra a Covid-19 e fornecer ajuda financeira suficiente para lidar com os riscos climáticos.

A economia global continua lenta, e um aumento nos preços do petróleo poderia complicar ainda mais os esforços dos bancos centrais para controlar a inflação. Os funcionários do governo Biden estão especialmente preocupados com o petróleo, pois um grande choque de oferta poderia afetar negativamente a economia.

Os países ricos haviam prometido fornecer US$ 100 bilhões por ano até 2020 para ajudar os países de baixa renda a se adaptarem aos riscos climáticos e aumentarem a energia renovável. Até agora, eles não cumpriram essa promessa. A raiva e a frustração estão aumentando entre os potenciais beneficiários.

Mesmo com US$ 100 bilhões, estima-se que sejam necessários US$ 4,5 trilhões por ano em investimentos em energia renovável até 2030 para atingir a meta de manter a elevação da temperatura média global em 1,5°C até o final do século.

O conflito atual no Oriente Médio deve servir como um lembrete de que a transição para soluções de energia limpa beneficia não apenas a equação climática, mas também a segurança energética.

Em resumo, o conflito no Oriente Médio representa um grande obstáculo para os esforços globais de combate às mudanças climáticas. O aumento das tensões geopolíticas e a fragilização do multilateralismo dificultam o progresso na cooperação climática. Além disso, o aumento dos preços do petróleo afeta a economia global e pode comprometer os investimentos em energia renovável. Os países também falharam em cumprir suas promessas de fornecer financiamento adequado para os países mais vulneráveis. É necessário um esforço conjunto e comprometido para superar esses desafios e alcançar um acordo global sobre as mudanças climáticas.

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