Trabalho por meio de plataformas digitais emprega 2,1 milhões de pessoas no Brasil, mostra pesquisa do IBGE

No quarto trimestre do ano passado, a população ocupada no setor privado no Brasil foi estimada em 87,2 milhões de pessoas. Dentre esse total, 2,1 milhões realizavam trabalhos por meio de plataformas digitais, como aplicativos de serviços e comércio eletrônico. Esses dados inéditos foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através do módulo Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).

De acordo com o levantamento, o setor de transporte, armazenagem e correio reuniu a maioria dos trabalhadores (67,3%), seguido pelo setor de alojamento e alimentação (16,7%). A categoria de emprego mais comum entre os trabalhadores de plataforma foi a de “feita por conta própria” (77,1%). Além disso, o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros e entrega de comida representava a maioria dos trabalhadores nas plataformas.

A região Sudeste concentrou o maior percentual de trabalhadores em plataformas digitais (57,9%), seguida pelas demais regiões, com percentuais entre 1,3% e 1,4%. Em relação ao gênero, os homens representavam a maioria dos trabalhadores nas plataformas digitais (81,3%). Quanto à faixa etária, quase metade das pessoas que trabalhavam nessas plataformas estavam entre 25 e 39 anos.

No que diz respeito à remuneração, os trabalhadores de plataforma tinham um rendimento 5,4% maior do que a média dos ocupados no país. Além disso, trabalhavam em média 46 horas por semana, enquanto a média geral era de 39,6 horas semanais. É importante ressaltar que, para os grupos menos escolarizados, os trabalhadores de plataforma tinham um rendimento mensal real 30% maior do que aqueles que não utilizavam essas ferramentas digitais. Por outro lado, entre as pessoas com nível superior completo, os trabalhadores de plataforma recebiam 19,2% a menos do que aqueles que não trabalhavam nessas plataformas.

Em relação à previdência e informalidade, apenas 35,7% dos trabalhadores de plataforma eram contribuintes da previdência, enquanto a proporção entre os ocupados no setor privado era de 60,8%. Além disso, a proporção de trabalhadores de plataforma na informalidade (70,1%) era maior do que a do total de ocupados no setor privado (44,2%).

Esses dados são de extrema importância para compreendermos o fenômeno da plataformização do trabalho no país. As plataformas digitais têm causado importantes transformações nos processos e nas relações de trabalho, com impactos no mercado de trabalho e na economia em geral. Portanto, é essencial que tenhamos um olhar atento para esse setor e para o bem-estar dos trabalhadores que atuam nele.

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