Risco de desenvolvimento aquém do esperado em crianças de famílias vulneráveis é alertado por pesquisa do Ministério da Saúde

Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal alerta para o risco aumentado de um desenvolvimento aquém do esperado em crianças de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, famílias em insegurança alimentar e famílias onde as mães têm menor grau de escolaridade.

De acordo com a pesquisa do Projeto Pipas – Primeira Infância Para Adultos Saudáveis, a frequência de crianças com risco de não atingir seu pleno potencial de desenvolvimento no Brasil é de 10,1% entre os menores de 3 anos e de 12,8% entre os maiores de 3 anos. Os resultados mostram a necessidade de priorizar crianças em situação de vulnerabilidade.

A coordenadora de Saúde da Criança e do Adolescente, Sônia Venâncio, ressalta que os dados confirmam estudos anteriores que indicam a influência das condições socioeconômicas sobre o desenvolvimento infantil. “Esse conjunto de resultados pode nos ajudar a aprimorar as ações que a gente vem desenvolvendo na saúde, na educação e na assistência social, visando a melhorar o desenvolvimento infantil. E reafirma o impacto das desigualdades sociais no desenvolvimento das crianças”, destaca.

A pesquisa utilizou como amostra 13.425 crianças menores de 5 anos em 13 capitais do Brasil, incluindo o Distrito Federal, em 2022. A maioria das crianças se encontra nas faixas etárias de 37-48 meses e 49-59 meses, sendo 51% do sexo feminino. Em 79,6% dos casos, a mãe era a cuidadora principal.

Foram aplicadas questões relacionadas a habilidades e comportamentos esperados para cada faixa etária da criança nos domínios de habilidades motoras, cognitivas, de linguagem e socioemocionais. Os resultados indicam que 14,8% das crianças não foram atendidas por uma equipe de saúde em sua primeira semana de vida, o que vai contra a recomendação da Organização Mundial da Saúde e do próprio Ministério da Saúde.

Além disso, a pesquisa revela que apenas 57,8% das crianças menores de 6 meses estavam em aleitamento materno exclusivo, o que também contraria as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde. Outro dado preocupante é que 24% das crianças menores de 3 anos não tinham nenhum livro infantil ou de figuras em casa.

O tempo de tela também se mostrou um problema, já que 33,2% das crianças menores de 3 anos assistem a programas ou jogam em dispositivos eletrônicos por mais de duas horas diárias. As disciplinas punitivas também foram observadas, com 33% e 35% dos cuidadores de crianças menores de 3 anos considerando que gritar com elas ou dar palmadas são medidas necessárias para educá-las.

No entanto, a pesquisa revelou aspectos positivos, como o fato de 75,6% das crianças menores de 3 anos terem sido envolvidas por outros membros da família em atividades de estímulo nos últimos três dias. Por outro lado, 42,8% dos cuidadores relataram nunca ter recebido informações sobre desenvolvimento infantil por profissionais da saúde, educação ou assistência social.

A coordenadora do Ministério da Saúde ressalta a importância de trabalhar de forma intersetorial para melhorar o desenvolvimento infantil e destaca a necessidade de oferecer apoio às famílias em situação de vulnerabilidade.

O estudo reforça a importância de políticas públicas que promovam a equidade e o acesso a programas de transferência de renda, além de investimentos em saúde, educação e assistência social para garantir um desenvolvimento pleno e saudável das crianças brasileiras.

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