Lacerda, que é doutor em Educação, autista e pai de uma criança autista, destaca no livro a divergência entre a Inclusão Total e a Educação Inclusiva no debate sobre educação especial. Enquanto a primeira defende a integração social, extinguindo salas e escolas especializadas como as APAEs e limitando os apoios pedagógicos, a segunda busca a integração, mas mantendo os espaços e oferecendo suporte contínuo de acordo com as necessidades de cada aluno.
O autor ressalta que a escolarização de pessoas com deficiências ou Altas Habilidades/Superdotação requer atenção e apoio especiais, e nos países desenvolvidos isso é realizado por meio de metodologias testadas e com resultados positivos. No entanto, no Brasil, a perspectiva da “Inclusão Total” tem prevalecido, mesmo sendo hostil à ciência e prejudicial aos estudantes com deficiência.
A Política Nacional de Educação Especial (PNEE) do Ministério da Educação tem endossado a Inclusão Total, o que, segundo Lucelmo, causa sérios prejuízos para pessoas com Transtornos Mentais, como o Transtorno do Espectro Autista e a Deficiência Intelectual. Isso ocorre porque cada indivíduo requer atendimento e estímulos diferenciados, o que é impossível em salas superlotadas e com professores sem formação específica.
O pesquisador aponta as Práticas Baseadas em Evidências como uma solução para esse dilema. Essa abordagem científica possibilita a implementação de condutas pedagógicas comprovadamente eficazes, a partir de pesquisas e estudos. Lacerda analisa as principais correntes da Educação Especial e apresenta dados sobre o tema em países desenvolvidos e na literatura científica.
Para o especialista, é imprescindível priorizar um sistema inclusivo de educação, que inclua salas e escolas especializadas, como é feito em outros países civilizados. Ele enfatiza que a melhoria da educação passa por essa organização e reflexão no campo de estudos da Educação Especial.
Em suma, o livro de Lucelmo Lacerda traz uma reflexão importante sobre a educação de crianças e adolescentes com necessidades especiais no ensino regular. O autor destaca a precariedade das escolas brasileiras e a divergência entre a Inclusão Total e a Educação Inclusiva. Além disso, ele apresenta as Práticas Baseadas em Evidências como uma alternativa para melhorar o sistema de educação inclusiva no país.
