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Fundador do Teatro Popular União e Olho Vivo, César Vieira morre aos 92 anos em São Paulo

Faleceu na última segunda-feira (23), aos 92 anos, o autor, diretor de teatro e advogado César Vieira. Ele foi um dos fundadores do grupo Teatro Popular União e Olho Vivo. O óbito foi confirmado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Vieira, nascido em Jundiaí (SP) em 1931, era conhecido por sua dedicação à dramaturgia popular e comprometida com o teatro de resistência, destacando-se como pioneiro na utilização dos processos de criação coletiva.

O velório está acontecendo até as 16h desta terça-feira (23) na sede do Teatro Popular União e Olho Vivo, localizado no bairro Bom Retiro, em São Paulo.

César Vieira, além de sua carreira no teatro, formou-se em Direito e Jornalismo. Desde os anos 1960, ele já participava de atividades no meio teatral. Em 1969, um de seus textos, intitulado “O Evangelho Segundo Zebedeu”, foi escolhido para inaugurar as atividades do grupo União e Olho Vivo, dirigido por Silnei Siqueira, junto ao Centro Acadêmico 11 de Agosto do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP).

Ao longo de sua trajetória, Vieira foi agraciado com diversos prêmios. Pelo texto “O Evangelho Segundo Zebedeu”, recebeu o Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor autor nacional. Além disso, conquistou o Prêmio Dramaturgia Funarte-MinC por “Os Juãos” e “Magalís – Uma Chegança de Marujos”, de 1996, e os Prêmios Mambembe e Flávio Rangel/MinC por “Brasil Quinhentão!??”, de 1998. O autor também publicou diversos livros ao longo de sua carreira, como “Em Busca de um Teatro Popular”, “João Cândido do Brasil: a Revolta da Chibata e Bumba” e “Meu Queixada”.

Destaca-se também a atuação de Vieira como advogado durante a ditadura militar. Ele defendeu presos políticos e acabou se tornando vítima da repressão do regime. O próprio autor foi preso e torturado no Departamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo, comandado pelo major Carlos Alberto Brilhante Ustra.

A morte de César Vieira foi lamentada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma publicação no X (antigo Twitter). Lula ressaltou a coragem do dramaturgo na defesa de presos políticos durante a ditadura e elogiou sua intensa e apaixonada atuação no campo político e cultural. O presidente expressou seus sentimentos aos familiares e amigos de Vieira.

Com o falecimento de César Vieira, o Brasil perde um importante nome do teatro e da resistência política. Sua obra e luta pela liberdade seguem como legado para as futuras gerações.

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