Masp inaugura exposições que celebram as histórias indígenas e a arte tradicional, explorando a diversidade cultural e a preservação ambiental.

O Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou nesta sexta-feira (20) três novas exposições que fazem parte do Ano das Histórias Indígenas, tema escolhido pelo museu para abordar a diversidade e complexidade das culturas indígenas. A primeira mostra, intitulada Histórias Indígenas, é a maior das três e apresenta 285 obras de aproximadamente 170 artistas indígenas, abrangendo desde o período anterior à colonização europeia até os dias atuais. A exposição visa trazer visibilidade para as realidades desses povos e suas cosmologias, história e desafios.

A mostra conta com a curadoria de Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, além de curadores internacionais convidados. Segundo Edson Kayapó, curador das artes indígenas no Masp, as obras expostas retratam a realidade dos povos indígenas não apenas no Brasil, mas também em outros países, buscando dar visibilidade a essas realidades pouco conhecidas pela sociedade brasileira e comunidades internacionais.

A mostra aborda tanto relatos históricos quanto narrativas pessoais, destacando a diversidade de memórias, cosmologias, tradições, línguas e modos de organização social de cada povo indígena. Além disso, a exposição é atual e política, refletindo sobre a preservação do meio ambiente e as mudanças climáticas. Segundo o curador, todas as artes indígenas são posicionadas politicamente e têm a ver com as identidades étnico-raciais e cosmologias dos povos indígenas.

A exposição foi dividida em oito núcleos, sendo o primeiro deles intitulado “Ativismo”, reunindo obras de diferentes movimentos sociais indígenas em diversos formatos, como bandeiras, fotografias, vídeos, pinturas e pôsteres. Um dos destaques da exposição é um vídeo com o discurso de Ailton Krenak na Assembleia Constituinte de 1987, onde ele defende os direitos dos povos indígenas.

Além da mostra coletiva, o Masp também inaugurou uma exposição individual da artista diné/navajo Melissa Cody, a primeira dela na América Latina. A exposição, intitulada “Melissa Cody: céus tramados”, apresenta 26 obras têxteis produzidas utilizando o tradicional tear navajo, que mesclam símbolos e padrões tradicionais da tapeçaria desse povo, trazendo também referências pessoais da artista. A curadoria é de Isabella Rjeille e Ruba Katrib.

A tecelagem é uma tecnologia transmitida às mulheres navajo pela figura sagrada da Mulher-Aranha, segundo a cosmovisão diné/navajo. Melissa Cody, proveniente de uma família de artistas navajo, mescla em suas obras os símbolos e padrões históricos da tapeçaria navajo com referências contemporâneas, como paisagens, videogames e música.

A terceira exposição inaugurada pelo Masp é uma mostra em vídeo sobre o trabalho da artista indígena Glicéria Tupinambá, que busca resgatar os saberes de sua aldeia. Glicéria é da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, e vem desenvolvendo trabalhos que envolvem a confecção de mantos tupinambás, relembrando os rituais e modos de feitura dessa indumentária.

As exposições estarão em cartaz no Masp até fevereiro de 2022 e trazem uma importante reflexão sobre a diversidade e preservação das culturas indígenas, assim como sobre questões ambientais e demarcação de territórios indígenas. Através das obras expostas, o público poderá ter acesso a diferentes perspectivas das histórias indígenas da América do Sul, América do Norte, Oceania e Região Nórdica, valorizando e dando visibilidade a essas culturas tão ricas e pouco conhecidas.

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