Equipe detecta recorde de temperatura e mais mortes de botos em lago superaquecido no Amazonas, e busca formas de afugentar os golfinhos.

Na cidade de Tefé, no Amazonas, uma equipe responsável pelo monitoramento de botos vermelhos e tucuxis em um lago superaquecido fez uma descoberta alarmante. De acordo com um boletim técnico divulgado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a temperatura das águas atingiu um recorde, juntamente com a morte de mais um animal. Além disso, medidas estão sendo tomadas para afugentar os golfinhos de água doce diante da continuidade da seca extrema na região.

Desde o dia 23 de setembro, já foram registradas 154 mortes de botos vermelhos e tucuxis. Dentre esses óbitos, 131 são botos vermelhos e 23 são tucuxis. O fenômeno mais provável para explicar essas mortes é o superaquecimento do lago Tefé, principalmente na enseada de Papucu, que é rica em peixes e um local muito frequentado pelos golfinhos.

No dia 28 de setembro, foi registrado o recorde de temperatura na enseada, com os termômetros atingindo 39,1ºC. Nesse mesmo dia, 70 botos e tucuxis morreram. Conforme os especialistas, as águas do lago têm se aquecido nos últimos dias, após um período de resfriamento causado pelas chuvas esparsas na região.

Na última quinta-feira, no dia 19, um boto vermelho jovem e macho foi encontrado morto. Esse óbito ocorreu logo após um evento de temperatura extrema no dia anterior, quando as temperaturas da água superaram os 38,8ºC. Esses fatos reforçam a hipótese de que a temperatura da água tem um papel crucial nas mortes dos animais.

Uma medida sem precedentes foi tomada pelos pesquisadores e servidores envolvidos na operação. Decidiu-se retirar os botos e tucuxis da enseada de Papucu. No último sábado, começaram os procedimentos de afugentamento dos animais. Estacas de madeira foram instaladas em formato de V na boca da enseada, permitindo a passagem dos botos. Redes foram utilizadas para empurrar os animais em direção à saída, com barulho sendo feito para evitar seu retorno.

Dentre as novas técnicas sendo testadas, uma consiste em emitir sons para afugentar as espécies, e a outra envolve a colocação de uma cortina com objetos que evitam a aproximação dos golfinhos. Essa cortina é baseada em técnicas tradicionais utilizadas pelo povo do Havaí.

Os problemas no lago Tefé estão relacionados à seca extrema na região do médio rio Solimões. O rio Solimões, que deságua no lago Tefé, está sofrendo uma elevação lenta, mas já ocorrem chuvas no Peru e no alto Solimões, o que deve causar uma elevação gradual do nível do rio. É necessária a continuidade do monitoramento e implementação de medidas para proteger os botos e tucuxis nesse período crítico. O cenário atual demonstra a importância de cuidar da conservação e preservação do meio ambiente e seus habitantes.

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