Casa Civil anuncia demissão de servidores da Abin após escândalo de uso indevido de sistema de geolocalização.

Na noite desta sexta-feira (20), a Casa Civil da Presidência da República anunciou a demissão de dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Eduardo Izycki e Rodrigo Colli foram desligados de seus cargos, como publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), com assinatura do ministro Rui Costa.

Essa decisão ocorreu após a deflagração da Operação Última Milha pela Polícia Federal, que tinha como objetivo investigar o uso indevido de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis. Esse sistema era utilizado pelos dois servidores da Abin, sem a devida autorização judicial. Ambos foram presos durante a Operação, que também incluiu o cumprimento de mandados de busca e apreensão em diferentes estados. As medidas judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com as informações divulgadas pela PF, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é considerado um “software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira”, tendo invadido a rede de telefonia em várias ocasiões. Vale ressaltar que esse serviço foi adquirido com recursos públicos.

Além do uso indevido do sistema de geolocalização, os servidores também são investigados por utilizarem o conhecimento sobre esse programa de forma indevida. Eles teriam utilizado essa informação como meio de coerção indireta para evitar suas demissões em um processo administrativo disciplinar.

Na justificativa da demissão, a Casa Civil informou que Eduardo Izycki e Rodrigo Colli, mesmo ocupando cargos públicos na Abin, atuaram como sócios representantes da empresa ICCIBER/CERBERO. Essa empresa participou de um pregão aberto pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro que visava a aquisição de uma solução de exploração cibernética e inteligência web para a coleta de dados de diversas fontes da internet.

Dessa forma, os servidores infringiram várias normas e cometeram infrações administrativas, como a participação em administração de empresa privada, conflito de interesses e descumprimento do regime de dedicação exclusiva à Abin.

A demissão dos servidores da Abin foi um desdobramento da Operação Última Milha, que busca coibir práticas ilegais e garantir a adequada utilização de recursos públicos por parte dos agentes de inteligência. Essa medida demonstra o compromisso do governo brasileiro em combater a corrupção e garantir a transparência nas instituições públicas.

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