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Térmicas a carvão dominaram emissões de gases de efeito estufa em 2022, revela inventário do Iema.

No ano passado, as usinas termelétricas a carvão foram as principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, seguidas pelas usinas movidas a gás natural. Esses dados foram divulgados pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) no 3º Inventário de Emissões Atmosféricas em Usinas Termelétricas. O levantamento analisou as 72 usinas termelétricas fósseis conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

O estudo ainda não incluiu os dados referentes a 13% da geração térmica com fonte fóssil, que está presente nos sistemas isolados no Norte do país. O Iema trabalha para incluir essa parcela em avaliações futuras.

Devido à abundância de água nos reservatórios das hidrelétricas e à expansão dos projetos de energia solar e eólica, muitas das termelétricas ficaram desligadas, resultando em uma redução na geração de energia elétrica a partir de combustíveis fósseis. O total de eletricidade gerada pelas usinas termelétricas analisadas foi de 31,1 Terawatt-hora (TWh) em 2022, em comparação com 95,7 TWh em 2021, uma queda de 67%. A participação da geração termelétrica fóssil na matriz elétrica brasileira voltou a representar os mesmos 10% de 20 anos atrás.

No entanto, o estudo ressalta que esse foi um momento atípico e que a produção de energia elétrica está sujeita a variações climáticas. O sistema brasileiro sinaliza um aumento na geração térmica a partir de fontes fósseis no futuro.

O levantamento também mostra um aumento no uso de usinas termelétricas com combustíveis fósseis ao longo dos anos, especialmente a partir da década de 2010. A geração desse tipo de usina aumentou de 30,6 TWh em 2000 para 91,8 TWh em 2020, representando uma expansão de 200%. Isso resultou em um aumento de 113% nas emissões de gases de efeito estufa do setor elétrico brasileiro.

Dez usinas foram identificadas como as maiores emissoras de gases de efeito estufa, sendo responsáveis por 63% do total. Metade delas utiliza carvão mineral e as outras cinco usam gás natural. As quatro maiores emissoras estão localizadas na região Sul do país.

A concentração de usinas a carvão em operação nos municípios do Sul fez com que essa região fosse a maior emissor de gases de efeito estufa em 2022, representando 40% do total, apesar de produzir apenas 24% da energia elétrica. O uso do carvão também elevou a taxa média de emissão de gases de efeito estufa.

O aumento do uso de carvão mineral no Brasil para a produção de eletricidade vai contra a tendência mundial de proibição dessa opção. No entanto, o país conta com o apoio do Congresso Nacional, que aprovou uma lei prolongando os subsídios ao carvão e a vida útil das usinas que utilizam esse mineral até 2040.

Quanto às usinas movidas a gás natural, elas estão espalhadas pelo país, mas há uma concentração na região Norte. No ranking das dez maiores emissoras, empresas como a Petrobras, a Eletrobras, o Fram Capital Energy e a Eneva se destacam. Essas quatro empresas foram responsáveis por 75% das emissões de gases de efeito estufa em 2022.

Apesar da disponibilidade de energias renováveis, novas usinas a gás foram adicionadas ao sistema no ano passado. Isso ocorreu por meio do Procedimento Simplificado de Contratação (PSC), leilão criado como resposta à crise hídrica de 2021. O uso de gás na matriz energética aumentou de 72% para 75% de 2021 para 2022.

A expansão do uso de combustíveis fósseis na geração de energia elétrica vai de encontro às iniciativas de redução dessas emissões. É necessário repensar o uso de fontes renováveis e a inclusão de baterias e hidrogênio na geração de eletricidade, além de evitar a contratação de novos projetos térmicos com combustíveis fósseis.

Em suma, o levantamento do Iema indica que as usinas termelétricas a carvão e a gás natural foram as principais emissoras de gases de efeito estufa no ano passado. É necessário implementar ações para reduzir o uso dessas fontes e optar por alternativas mais sustentáveis na geração de energia elétrica. O Brasil, apesar de ter recebido incentivos do Congresso Nacional para o uso de carvão mineral, precisa buscar soluções mais alinhadas com as tendências internacionais de preservação ambiental.

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