Projeto Genômica da Biodiversidade Brasileira visa preservação de espécies da flora e fauna em risco através da genética.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Tecnológico Vale (ITV) uniram forças para lançar o projeto Genômica da Biodiversidade Brasileira, uma iniciativa que visa utilizar a genética para preservar as espécies da flora e fauna brasileiras. Com uma duração de cinco anos, o projeto tem como objetivo principal sequenciar 5 mil genomas na primeira etapa, com enfoque nas espécies que estão em maior risco ou que já estão incluídas nos planos de conservação nacionais.

O sequenciamento genético é uma técnica de biologia molecular que permite identificar as bases nitrogenadas do material genético. Com dados genômicos em mãos, os especialistas podem prever ameaças e monitorar as espécies ao longo do tempo e em diferentes locais. Essa técnica já tem sido aplicada com sucesso na produção de medicamentos e em outras finalidades relacionadas à saúde humana.

Para dar início à primeira fase do projeto, foi formado um comitê de gestão composto por representantes do ICMBio e do ITV, além de cinco profissionais responsáveis por coordenar o plano de trabalho. O grupo também conta com 20 pesquisadores do ITV e mais de 30 especialistas da rede de pesquisa e conservação do ICMBio, além dos analistas das unidades de conservação federal. Cada entidade de pesquisa terá que buscar parcerias acadêmicas para colaborar com o projeto.

A equipe definiu uma lista com 80 espécies que terão seus genomas sequenciados com mais detalhes, fornecendo assim genomas de referência que exigem mais tempo e recursos financeiros. O projeto conta com um orçamento de US$ 25 milhões para desenvolver suas atividades.

O pesquisador Alexandre Aleixo, coordenador do projeto pelo ITV, ressaltou que o sequenciamento genético no Brasil custa três vezes mais do que em países do Hemisfério Norte. Durante uma apresentação para jornalistas, Aleixo mostrou que os Estados Unidos, a China, o Reino Unido, a Noruega e a Alemanha são os países que possuem a maior quantidade de dados sobre genomas de invertebrados sequenciados. Apesar disso, o Brasil possui potencial para se tornar um grande produtor de conhecimentos genômicos.

Dentre as espécies selecionadas para a pesquisa, estão animais conhecidos como a onça, o cachorro-vinagre, o muriqui e o macaco-aranha. No entanto, há também foco em espécies menos conhecidas, como um roedor endêmico do Brasil chamado Juscelinomys, que só foi registrado uma única vez décadas atrás e atualmente se encontra desaparecido. O projeto pretende buscar essa espécie e definir se ela foi extinta ou ainda pode ser encontrada.

Outra proposta do projeto é explorar a diversidade de espécies que vivem em cavernas no Brasil, que atualmente são pouco conhecidas. Além disso, serão enfatizadas a conservação de invertebrados, como abelhas, borboletas frutíferas e outros insetos polinizadores, bem como anfíbios e répteis.

O projeto Genômica da Biodiversidade Brasileira representa um avanço importante para a preservação e conhecimento da fauna e flora do país. Com o sequenciamento genético, será possível ter informações mais precisas sobre as espécies e tomar medidas de preservação mais eficazes. Espera-se que a iniciativa proporcione avanços não apenas para a pesquisa científica, mas também para a conservação da biodiversidade brasileira.

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