Pesquisadores da operação Emergência Botos Tefé aguardam resultado de exames para descobrir causa da mortandade de botos e tucuxis no Amazonas.

Pesquisadores que fazem parte da operação Emergência Botos Tefé aguardam ansiosamente por resultados de exames realizados nas carcaças de mais de 150 botos e tucuxis encontrados mortos no Lago Tefé, localizado no Médio Solimões, no Amazonas. O objetivo desses exames é descobrir se houve alguma alteração nos tecidos cerebrais dos animais devido à alta temperatura da água. A principal hipótese levantada pelos pesquisadores é que a temperatura elevada do lago, que chegou a ultrapassar os 39°C, seja a causa dessas mortes.

De acordo com o coordenador da Comissão Técnica Águas da Amazônia da ABRHidro e pesquisador do Instituto Mamirauá, Ayan Fleischmann, algumas análises ainda não tiveram seus resultados divulgados, especialmente aquelas relacionadas aos tecidos cerebrais dos animais. Ele explica que o objetivo desses exames é verificar se houve alguma alteração no cérebro devido à hipertermia causada pela temperatura da água. A previsão é de que os resultados sejam obtidos dentro de uma semana.

No dia 28 de setembro, quando foram encontrados os primeiros 70 botos mortos, a temperatura da água estava em 39,1°C. Apesar de ser apontada como a principal causa, os pesquisadores ainda não descartam a possibilidade de outras causas, como patologias ou intoxicação causada pelo crescimento de fitoplânctons.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) já registrou a morte de 153 botos até a última terça-feira (17). Desses animais, 130 são botos vermelhos e 23 são tucuxis. Até o momento, 104 animais foram necropsiados e amostras de tecidos e órgãos foram enviadas para laboratórios especializados em diferentes regiões do Brasil.

Segundo o boletim divulgado pelo ICMBio, os primeiros resultados de análises histológicas e moleculares indicam que não há indícios de agentes infecciosos relacionados às mortes dos botos. Além disso, a mortandade de peixes na região é considerada normal para eventos de seca extrema. A proliferação da alga Euglena sanguínea encontrada no lago não tem evidências de estar relacionada às mortes dos golfinhos ou dos peixes.

Como medida para evitar mais mortes de botos, os pesquisadores estão montando uma barreira física para isolar trechos mais quentes do lago e conduzir os animais para áreas mais profundas, onde a temperatura é mais baixa. Essa estratégia tem como objetivo evitar o estresse causado pela intervenção direta e possibilitar o resgate de indivíduos em situações específicas. Até o momento, nenhum animal foi resgatado.

A equipe da operação Emergência Botos Tefé está empenhada em solucionar esse mistério e evitar mais mortes desses animais tão importantes para o ecossistema amazônico. O esforço conjunto de pesquisadores, instituições e comunidades ribeirinhas é fundamental para a preservação dessas espécies e para a compreensão das causas dessa tragédia ambiental.

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