Militares do Exército Brasileiro estão aquartelados há sete dias em base de São Paulo após desaparecimento de metralhadoras de alto calibre

Cerca de 480 militares do Exército Brasileiro estão aquartelados há sete dias no Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, após o desaparecimento de 21 metralhadoras de alto calibre na semana passada. A hipótese investigada é de furto ou extravio das armas. Os soldados, oficiais e praças estão proibidos de sair da base durante as investigações e tiveram seus celulares confiscados para garantir a segurança do local. O contato com o exterior é permitido apenas durante visitas de familiares, que ocorrem entre as 9h e as 21h.

Nesta terça-feira, dezenas de pessoas lotaram a recepção do Arsenal de Guerra para visitar os militares aquartelados. Durante o tempo juntos, os familiares aproveitaram para matar a saudade e trocar informações em meio à incerteza e tensão que cercam o desaparecimento das armas. Muitos visitantes levaram alimentos, itens de higiene e objetos pessoais, que eram revistados antes de entrar na base.

Entre os familiares presentes, estava Amanda Carvalho, que visitou o marido acompanhada da mãe. Ela descreveu a situação como incomum e tensa, afirmando que espera que seu marido possa comemorar o aniversário de casamento em breve, mas que está disposta a comemorar com ele dentro da base se for necessário.

Uma das preocupações dos familiares é com a interrupção do tratamento médico de seus filhos devido ao fechamento do quartel. Muitos dependem do FUSEx, Fundo de Saúde do Exército, para receber guias de encaminhamento para atendimentos médicos. A mãe Andressa Carvalho relatou que seu filho, que tem autismo, teve crises motivadas pela ausência do pai e que o tratamento foi interrompido porque as guias não foram entregues. O Exército não esclareceu se tomou providências para garantir atendimento médico aos beneficiários do FUSEx.

Apesar das restrições impostas pela investigação, algumas pessoas que visitaram o Arsenal de Guerra nesta terça-feira relataram que a rotina de trabalho dos militares segue normal. Isabel Lima, mãe de um dos militares, disse que a situação é difícil, mas que faz parte da carreira de seu filho e acredita que logo tudo será resolvido. Fernanda Luísa da Silva, após visitar o filho mais velho, contou que ele está ansioso para receber a noiva e matar a saudade do irmãozinho de seis anos.

No último dia 10, durante uma inspeção de rotina no arsenal, foram constatados o desaparecimento de 13 metralhadoras de calibre .50 e oito de calibre 7,62. Inicialmente, o Exército considerou a possibilidade de um erro de conferência, mas descartou essa hipótese e passou a investigar o furto ou extravio das armas. O Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro está conduzindo as investigações com o apoio do Comando Militar do Sudeste. O inquérito policial militar tem prazo de 40 dias e está em sigilo. A polícia civil e militar estão auxiliando na localização das armas, mesmo sem a ocorrência registrada pelo Exército.

De acordo com o Instituto Sou da Paz, este é o maior desvio de armas registrado pelas Forças Armadas desde 2009. O Instituto ressalta que a situação é preocupante e representa um risco para a segurança da população. As investigações continuam para tentar descobrir o destino das armas desaparecidas.

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