Nesta terça-feira, dezenas de pessoas lotaram a recepção do Arsenal de Guerra para visitar os militares aquartelados. Durante o tempo juntos, os familiares aproveitaram para matar a saudade e trocar informações em meio à incerteza e tensão que cercam o desaparecimento das armas. Muitos visitantes levaram alimentos, itens de higiene e objetos pessoais, que eram revistados antes de entrar na base.
Entre os familiares presentes, estava Amanda Carvalho, que visitou o marido acompanhada da mãe. Ela descreveu a situação como incomum e tensa, afirmando que espera que seu marido possa comemorar o aniversário de casamento em breve, mas que está disposta a comemorar com ele dentro da base se for necessário.
Uma das preocupações dos familiares é com a interrupção do tratamento médico de seus filhos devido ao fechamento do quartel. Muitos dependem do FUSEx, Fundo de Saúde do Exército, para receber guias de encaminhamento para atendimentos médicos. A mãe Andressa Carvalho relatou que seu filho, que tem autismo, teve crises motivadas pela ausência do pai e que o tratamento foi interrompido porque as guias não foram entregues. O Exército não esclareceu se tomou providências para garantir atendimento médico aos beneficiários do FUSEx.
Apesar das restrições impostas pela investigação, algumas pessoas que visitaram o Arsenal de Guerra nesta terça-feira relataram que a rotina de trabalho dos militares segue normal. Isabel Lima, mãe de um dos militares, disse que a situação é difícil, mas que faz parte da carreira de seu filho e acredita que logo tudo será resolvido. Fernanda Luísa da Silva, após visitar o filho mais velho, contou que ele está ansioso para receber a noiva e matar a saudade do irmãozinho de seis anos.
No último dia 10, durante uma inspeção de rotina no arsenal, foram constatados o desaparecimento de 13 metralhadoras de calibre .50 e oito de calibre 7,62. Inicialmente, o Exército considerou a possibilidade de um erro de conferência, mas descartou essa hipótese e passou a investigar o furto ou extravio das armas. O Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro está conduzindo as investigações com o apoio do Comando Militar do Sudeste. O inquérito policial militar tem prazo de 40 dias e está em sigilo. A polícia civil e militar estão auxiliando na localização das armas, mesmo sem a ocorrência registrada pelo Exército.
De acordo com o Instituto Sou da Paz, este é o maior desvio de armas registrado pelas Forças Armadas desde 2009. O Instituto ressalta que a situação é preocupante e representa um risco para a segurança da população. As investigações continuam para tentar descobrir o destino das armas desaparecidas.