Governo Lula bloqueia R$ 116 milhões do orçamento da Capes, preocupando entidades científicas

O governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), bloqueou cerca de R$ 116 milhões do orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 2023. Essa ação, que restringe os recursos disponíveis para uma das principais entidades responsáveis pela pesquisa no país, tem preocupado entidades científicas.

Quando assumiu a Presidência, Lula prometeu investir na área de ciência e tecnologia e, em menos de dois meses, anunciou o reajuste do valor das bolsas de mestrado e doutorado no país. Por isso, a retirada de recursos da Capes causou surpresa no setor.

Em uma audiência com sociedades científicas, Mercedes Bustamante, presidente da Capes, confirmou que o órgão sofreu um contingenciamento de R$ 86 milhões apenas no mês de agosto.

Do total de recursos contingenciados, R$ 50 milhões foram bloqueados da Diretoria de Programas e Bolsas (DPB) e R$ 36 milhões de programas de formação de professores da educação básica. Além disso, mais R$ 30 milhões foram contingenciados da Diretoria de Relações Internacionais (DRI).

O Ministério da Fazenda declarou que a execução orçamentária da Capes é responsabilidade do Ministério da Educação (MEC), porém, o MEC não respondeu aos questionamentos da imprensa até o momento.

Bustamante também informou que R$ 50 milhões do contingenciamento não retornarão ao orçamento de 2023, o que levanta preocupações sobre possíveis cortes futuros.

Além disso, o governo federal apresentou uma proposta do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) para 2024, que prevê uma redução de R$ 128 milhões no orçamento da Capes em comparação a este ano.

Robério Rodrigues Silva, presidente do Fórum Nacional de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação das Instituições de Ensino Superior Brasileiras (Foprop), expressou preocupação com essas restrições orçamentárias, afirmando que os bloqueios são graves e podem afetar negativamente a qualidade da formação de mestres e doutores.

Entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) também divulgaram uma carta conjunta expressando preocupação com os cortes no orçamento da Capes.

A carta destaca que essas medidas impactam diretamente a qualidade da formação e produção de conhecimento científico no país, dificultando a competição internacional no campo da pesquisa e inovação.

Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, ressaltou a preocupação com os bloqueios e a perspectiva de um orçamento ainda menor para o próximo ano. Segundo ele, o desenvolvimento científico é fundamental para o projeto de inclusão social.

No final de 2022, mais de 200 mil pós-graduandos da Capes ficaram sem receber bolsas devido a um congelamento de verbas do Ministério da Educação, aprovado pelo Ministério da Economia no governo Bolsonaro. O orçamento da Capes naquele ano era de R$ 3,8 bilhões.

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