O reforço na segurança se deve a uma solicitação do governador Cláudio Castro, após uma investigação da Polícia Civil revelar que traficantes estavam realizando treinamentos armados no complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. Os treinamentos aconteciam em uma área de recreação que foi ocupada pela polícia na semana passada, durante operações simultâneas no estado.
No quinto dia das operações, tiroteios foram registrados na Maré e um suspeito de envolvimento com o tráfico foi baleado, de acordo com informações da polícia. O ministro Flávio Dino afirmou em uma postagem nas redes sociais que as ações da Força Nacional foram planejadas em conjunto com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Ele também salientou que a atuação ocorrerá em áreas de competência federal e que o setor da Inteligência também será ampliado.
Vale ressaltar que o contingente da Força Nacional já estava autorizado desde o dia 2 de outubro, mas havia sido adiado devido a questionamentos do Ministério Público Federal. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro enviou um documento ao Ministério da Justiça questionando se as ações promovidas obedecerão aos comandos da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal (STF), conforme previsto na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635.
A determinação do STF estabelece que todas as forças policiais envolvidas em operações que utilizem força não relacionada às atividades de inteligência devem utilizar câmeras. As imagens captadas devem ser encaminhadas ao Ministério Público e disponibilizadas para a Defensoria Pública. Além disso, eventuais vítimas têm o direito de ter acesso ao conteúdo por meio de representantes legais.
A Força Nacional de Segurança Pública foi criada em 2004 com o objetivo de atender às necessidades emergenciais das polícias estaduais e oferecer apoio mútuo e auxílio às forças policiais locais nos momentos de grave perturbação da ordem pública. A força já atuou no Rio de Janeiro em outras ocasiões, como em 2012, quando ocupou o morro Santo Amaro, no centro da cidade, em uma ação de combate ao tráfico de drogas.
Em 2017, a Força Nacional foi chamada novamente ao Rio durante a intervenção federal, que foi decretada pelo então presidente Michel Temer devido à crescente violência e ao avanço dos grupos criminosos na região. Na época, Temer afirmou que o crime organizado estava quase tomando conta do Rio de Janeiro e que a intervenção era necessária para garantir a tranquilidade da população.