Aumento da violência e hostilidade nos ambientes virtuais afeta a saúde física e mental de professores durante o ensino remoto.

A violência contra professores no ambiente virtual tem se intensificado durante a pandemia da Covid-19, conforme identificado por especialistas em educação e entidades sindicais. O ensino remoto, que se tornou a única alternativa pedagógica devido à situação de saúde pública, trouxe consigo a esperança de uma comunicação mais próxima e horizontal entre estudantes e professores, além da potencialização do aprendizado por meio dos recursos digitais. No entanto, tem-se observado um aumento nos casos de violência e hostilidade nesses ambientes virtuais, além da disseminação de discursos de ódio, que podem até resultar em agressões presenciais.

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe) registrou um aumento nas queixas de professores sobre ataques e desrespeito por parte de estudantes e responsáveis. De acordo com a coordenadora Helenita Beserra, os professores têm sido perseguidos por meio das redes sociais e até mesmo por contatos diretos via WhatsApp. Essa pressão psicológica e o estresse resultante têm afetado a saúde física e mental desses profissionais.

Alguns casos de violência têm ganhado destaque, como o ocorrido no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, em que uma professora de inglês foi agredida por um aluno devido a um desafio publicado no TikTok. Outros casos comuns envolvem linchamentos virtuais, cyberbullying e gravações não autorizadas com o objetivo de humilhar os professores.

Diante dessas agressões, a orientação do sindicato é que os professores busquem as autoridades competentes para responsabilizar o agressor ou os pais. Em casos mais graves, é indicado registrar ocorrência em uma delegacia especializada em crimes cibernéticos.

Diversas motivações podem levar à violência contra professores, principalmente no ambiente virtual. Segundo o pesquisador Antônio Álvaro Soares Zuin, vivemos em uma “era da concentração dispersa”, na qual os alunos projetam rivalidade entre dispositivos digitais e os professores. Para os estudantes, torna-se insuportável manter a atenção por longos períodos em aulas virtuais, e essa falta de foco pode levá-los a se vingar contra os professores, que historicamente foram responsáveis por mantê-los focados no conteúdo.

Para combater as agressões, tanto presenciais quanto virtuais, é necessário transformar a escola em um lugar de diálogo e resolução de conflitos, dando espaço para que os alunos se expressem e sejam ouvidos. Além disso, é importante que o professor repense o significado da autoridade educacional, evitando tentar convencer o aluno de que ele é o detentor da verdade.

Projetos de educação digital direcionados para crianças e jovens também podem ser uma forma de prevenção e combate à violência na internet. Esses projetos visam desenvolver o senso crítico e a responsabilidade dos alunos no ambiente virtual, ensinando, por exemplo, a diferenciar opinião de informação e a se comportar de forma ética nas redes sociais.

No entanto, é importante ressaltar que as escolas não são as únicas responsáveis por prevenir violências e comportamentos inadequados dos estudantes nas redes. É necessário engajar toda a sociedade, incluindo famílias e poder público, nesse processo de educação digital.

Nesse sentido, a formação de uma aliança entre escola, família e sociedade se faz necessária para garantir a segurança e o respeito nos ambientes virtuais, construindo assim um ambiente propício para a prática educacional e prevenindo agressões e violências contra os professores.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo