Pandemia de covid-19 pode ter aumentado casos de tuberculose não diagnosticados ao redor do mundo, alerta OMS

A pandemia de covid-19 teve um impacto significativo nos casos de tuberculose ao redor do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O número de pessoas com tuberculose não diagnosticada e não tratada pode ter aumentado durante esse período, devido à falta de notificação dos casos. O Brasil também foi afetado por essa situação, conforme indicado em um boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde em março deste ano.

O relatório revelou que a mortalidade por tuberculose no país voltou a crescer nos últimos anos. Em 2021, foram registrados 5.072 óbitos pela doença, um aumento de 11,9% em relação a 2019. Essa foi a primeira vez em quase 20 anos que o Brasil ultrapassou a marca dos 5 mil mortos pela tuberculose. Esses números alarmantes mostram a necessidade de maior vigilância e controle da doença.

Para os pacientes de doenças reumáticas, o aumento nos casos não diagnosticados de tuberculose ao redor do mundo é ainda mais preocupante. Essas pessoas apresentam um risco maior de desenvolver a doença e devem buscar assistência médica especializada. De acordo com o médico especialista José Eduardo Martinez, da Sociedade Brasileira de Reumatologia, qualquer sintoma relacionado ao sistema musculoesquelético deve ser investigado por um reumatologista.

A tuberculose é uma doença infecciosa e a mais prevalente no mundo. Antes da pandemia, eram registrados cerca de 10,4 milhões de novos casos por ano. Durante o período pandêmico, houve subnotificação dos casos, o que dificultou o controle da doença. No entanto, mesmo com essa subnotificação, houve um aumento no registro de novos casos de tuberculose em 2021, de aproximadamente 3%, de acordo com a professora Viviane Angelina de Souza, da Universidade Federal de Juíz de Fora e coordenadora da Comissão de Doenças Endêmicas e Infecciosas da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

Os pacientes com doenças reumáticas imunomediadas, como artrite reumatóide e lúpus eritematoso sistêmico, apresentam um risco ainda maior de desenvolver a tuberculose. Isso ocorre porque essas doenças podem causar desequilíbrio no sistema imunológico, liberando as bactérias da tuberculose que estavam adormecidas e levando à forma ativa da doença.

Além dos pacientes com doenças reumáticas, outras populações também estão em alto risco de reativação dos focos de tuberculose latente, como pessoas em situação de rua, asilados, população carcerária, profissionais de saúde e pacientes renais crônicos. É fundamental realizar uma vigilância rigorosa desses casos e garantir um sistema de diagnóstico e tratamento eficaz.

No Brasil, o Ministério da Saúde está empenhado em prevenir e controlar a tuberculose. O país tem o Plano Brasil Livre da Tuberculose, que busca diminuir a incidência da doença e reduzir em 95% o número de mortes causadas por ela até 2035. O tratamento da tuberculose latente é uma estratégia importante para prevenir a disseminação da doença. Todo o tratamento está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Além disso, o Ministério da Saúde está trabalhando na incorporação de novos tratamentos para a doença. Em setembro de 2023, a pretomanida foi incorporada ao SUS. Esse medicamento é administrado por via oral, possui menos efeitos colaterais e exige menos visitas de acompanhamento. O tempo de tratamento também foi reduzido de dezoito para seis meses.

É fundamental conscientizar a população sobre a importância da detecção precoce e do tratamento da tuberculose. Para evitar a infecção, é recomendado tomar a vacina BCG, que protege as crianças das formas mais graves da doença. O Ministério da Saúde reforça que a tuberculose tem cura e que todo o diagnóstico e tratamento são oferecidos pelo SUS. A prevenção e controle da doença são essenciais para garantir a saúde da população.

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