No entanto, a corrida para resolver essa questão parece ter sido mais motivada pelo desejo de conquistar capital político diante do novo presidente do que por uma busca por soluções viáveis. Durante as discussões sobre a desintrusão, alguns membros do governo não tinham nem mesmo conhecimento dos principais rios que cortam o território.
Após mais de duas semanas da visita de Lula, nada ainda havia sido feito. Somente quando o Ibama decidiu furar o acordo de um início conjunto da operação e iniciou as primeiras ações de combate aos garimpos, é que algo foi feito. A partir de 6 de fevereiro, o órgão ambiental, a Funai e a Força Nacional deram início à operação. As Forças Armadas e a Polícia Federal só foram ao campo destruir os equipamentos do garimpo ilegal no dia 10.
No entanto, a falta de coordenação e o desencontro de informações marcaram os primeiros meses da operação. Além disso, as ações de emergência em saúde pública também foram realizadas sem coordenação efetiva dos órgãos envolvidos. O governo improvisou um comitê para centralizar as decisões, bloquear o acesso de pessoas não autorizadas e limitar a transparência. Até março, o número de óbitos na terra indígena foi omitido.
Além dos problemas na operação de retirada dos garimpeiros, o garimpo ilegal e as doenças associadas a ele continuam a persistir. Monitoramentos realizados pela Polícia Federal mostram que garimpos ilegais estão sendo reestabelecidos em alguns rios, e os invasores estão fugindo para a Venezuela quando são confrontados.
O último relatório divulgado pelo COE registrou 190 mortes de indígenas na terra yanomami este ano, sendo quase metade delas crianças de 0 a 4 anos. A pneumonia, desnutrição, malária e diarreia foram apontadas como as principais causas dos óbitos. Apenas uma ocupação constante e pontos permanentes de fiscalização podem garantir o sucesso da operação na terra yanomami.
Em resumo, a operação de combate ao garimpo ilegal na terra yanomami enfrentou diversos desafios e problemas desde o início. A falta de coordenação e a improvisação do governo contribuíram para a falta de progresso na desintrusão e no combate às doenças associadas ao garimpo ilegal. Ainda há muito a ser feito para garantir a proteção dos indígenas e o fim dessa atividade criminosa na região.