Repórter São Paulo – SP – Brasil

Brasileiros repatriados de Israel após fugirem de ataques do Hamas contam suas experiências e sentimentos ao voltar para o Brasil

No último sábado (14), 207 brasileiros foram repatriados de Israel e desembarcaram no aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, trazidos pelo avião KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB), na Operação Voltando em Paz. Dentre eles estava Nathália Waksman, uma analista de dados que vivia em Jerusalém há quase sete anos com seus dois filhos, Uriel de 2 anos e Benjamim de 5 anos. Nathália conta que seu filho mais novo achava que as sirenes que ouvia eram de ambulâncias e o bunker, onde tiveram que se abrigar várias vezes, era um lugar onde ele poderia brincar. Porém, na realidade, as sirenes eram alarmes para alertar sobre o disparo de foguetes do grupo extremista Hamas.

Ela explica que decidiu voltar ao Brasil com seus filhos, pois não se sentia segura em Israel diante da situação tensa que o país está enfrentando. Nathália relata que teve que levar os filhos várias vezes para o bunker, um quarto de segurança presente em muitos prédios e residências israelenses, o qual fica no subsolo de seu prédio, a cinco andares de escada de sua residência.

Os ataques iniciados pelo Hamas no último sábado (7) dispararam um estado de guerra em Israel, resultando em milhares de mortes de israelenses e palestinos. Nathália, que é judia, relata que essa foi a primeira vez que se sentiu insegura em Israel e que saiu apenas por causa da segurança de seus filhos.

Luíza Santos, uma fotógrafa que chegou ao Brasil grávida, também foi repatriada na Operação Voltando em Paz, juntamente com seu marido, um engenheiro israelense. Luíza afirma estar muito emocionada e receosa com a situação atual, deixando para trás todas as suas coisas em Israel.

A pesquisadora Priscila Grimberg deixou o aeroporto também com sentimentos contrastantes. Por um lado, estava aliviada por estar reunida com sua filha Maia, de 15 anos, que havia estudado em Israel por dois anos, mas, por outro lado, sentia falta de sua outra filha, Miriam, de 23 anos, que escolheu permanecer em Israel e servir como combatente no exército israelense há três anos.

A Operação Voltando em Paz, organizada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) e pela FAB, também trouxe oito animais de estimação para o Brasil, incluindo os cachorros de Luíza, que considerou impossível deixá-los para trás.

No geral, os brasileiros repatriados têm histórias e sentimentos distintos em relação à situação em Israel. Alguns optaram por voltar ao Brasil em busca de segurança para si e para suas famílias, enquanto outros sentem um dever de permanecer e apoiar o país. São escolhas complexas, envolvendo dilemas entre o particular e o coletivo.

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