Repórter São Paulo – SP – Brasil

Ataques do Hamas em festa rave em Israel levantam questão sobre denominação terrorista do grupo

No último sábado (7), um ataque realizado pelo grupo extremista islâmico Hamas durante uma festa rave em Israel desencadeou mais um episódio sangrento no histórico conflito entre o Hamas e o exército israelense. Os ataques resultaram em centenas de mortes de civis e no sequestro de várias outras vítimas, o que levanta a discussão sobre a designação do Hamas como um grupo terrorista.

Diversos veículos de imprensa pelo mundo e algumas nações classificam o grupo extremista que controla a Faixa de Gaza como terrorista. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva expressou sua lamentação pelo ocorrido e se referiu ao ataque como terrorista, mas não aplicou tal adjetivo ao Hamas. Essa posição segue a linha adotada pelo governo brasileiro.

O Palácio do Itamaraty emitiu um comunicado nesta quinta-feira (12) informando que segue as avaliações do Conselho de Segurança da ONU na classificação de grupos considerados terroristas. De acordo com a Carta da ONU, o Conselho de Segurança tem a responsabilidade de zelar pela paz internacional.

O comunicado do Ministério das Relações Exteriores reafirma que o Brasil repudia o terrorismo em todas as suas formas e manifestações, conforme previsto nos princípios das relações internacionais da Constituição brasileira.

Apesar da definição da ONU, países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália, Japão e alguns membros da União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.

A maioria dos países-membros da ONU, incluindo Noruega, Suíça, China, Rússia, México, Colômbia e o próprio Brasil, seguem a definição atual da ONU, que não classifica o Hamas como grupo terrorista. A postura mais neutra adotada por esses países visa mantê-los como mediadores de conflitos e ampliar a capacidade de proteção de seus cidadãos em áreas de conflito.

O recente episódio de violência entre Israel e Palestina já está em seu sexto dia, com bombardeios intensos na Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de palestinos. As autoridades locais já registraram 1,2 mil mortes e mais de 5 mil feridos, além de pelo menos 180 mil desabrigados.

Por outro lado, em Israel, o número de mortos aumentou para 1,3 mil desde o início dos ataques violentos promovidos pelo grupo Hamas, conforme informações da emissora pública Kan.

O Hamas, que significa Movimento de Resistência Islâmica em árabe, é um movimento palestino formado por uma entidade filantrópica, um braço político e um braço armado. Foi criado em 1987 durante a 1ª Intifada, uma revolta palestina contra a ocupação israelense.

Em 2006, o Hamas derrotou o Fatah nas eleições legislativas para a Autoridade Nacional Palestina (ANP), conquistando o direito de formar um novo governo. No entanto, os dois partidos entraram em conflito e o Hamas expulsou o Fatah da Faixa de Gaza. Desde então, o Fatah passou a administrar a ANP com foco nas áreas da Cisjordânia.

O Hamas não reconhece o Estado de Israel e luta pela independência de um Estado Palestino. Por sua vez, Israel afirma que o território é seu e se opõe a oferecer qualquer tipo de soberania a esse Estado palestino, alegando preocupações de segurança.

Sair da versão mobile