Padre Cícero é considerado um santo popular, principalmente no Nordeste, e já era reconhecido por seu incansável trabalho de difusão da doutrina, aconselhamentos e sermões que arrebatavam multidões no interior do Ceará, mesmo antes de sua canonização pela Igreja Católica.
Nascido em 24 de março de 1844, na cidade de Crato, aos 12 anos ele fez voto de castidade após ler sobre a vida de São Francisco de Sales, santo francês do século XVII. Aos 26 anos, foi ordenado padre após iniciar seus estudos religiosos em Cajazeiras, na Paraíba, e cursar o seminário da Prainha, em Fortaleza. Fixou residência em Juazeiro do Norte, onde foi designado vigário e conquistou a simpatia do povo.
Em 1889, um evento ocorrido durante uma comunhão geral na Capela de Nossa Senhora das Dores chamou a atenção de todos. Uma hóstia teria se transformado em sangue, e isso foi considerado o primeiro milagre de padre Cícero. Novos fenômenos semelhantes atraíram ainda mais católicos para Juazeiro do Norte, levando a Igreja Católica a iniciar uma investigação.
Após diferentes pareceres, a igreja concluiu que não houve milagre e suspendeu as ordens sacerdotais de padre Cícero. O religioso apelou ao Vaticano pela revogação da pena, mas ela foi mantida. Apesar dessa suspensão, padre Cícero se envolveu na política, tornando-se prefeito de Juazeiro do Norte, deputado federal e vice-governador do Ceará.
Padre Cícero faleceu em 20 de julho de 1934, aos 90 anos, e as romarias a Juazeiro do Norte em sua devoção, conhecido carinhosamente como Padim Ciço, só aumentaram. A Igreja Católica Apostólica Brasileira canonizou padre Cícero em 1973, baseada na devoção dos nordestinos e nos milagres atribuídos a ele pelos fiéis. Somente em junho de 2022, o processo de beatificação foi iniciado pela Cúria Romana.
A inclusão de padre Cícero no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica no Panteão da Pátria em Brasília, imortaliza seu nome e o reconhece como um dos 66 Heróis e Heroínas da Pátria que dedicaram suas vidas a um Brasil melhor. Nomes como Chico Xavier, Irmã Dulce e Zumbi dos Palmares também estão registrados nesse livro importante para a história do país. A lei que possibilitou essa homenagem foi publicada recentemente, tornando padre Cícero figura central na memória e na identidade do povo brasileiro.