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Greve por déficit de professores na USP continua por pelo menos mais uma semana

A greve deflagrada devido ao déficit de professores na Universidade de São Paulo (USP) continua em vigor. Na assembleia realizada na noite desta quarta-feira (11), a maioria dos estudantes decidiu manter a paralisação pelo menos até o fim da próxima semana. O movimento, que teve início na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), se estendeu para outras unidades em São Paulo, com o registro de piquetes e tentativas de impedir a realização das aulas.

Inicialmente, a reitoria se recusou a negociar com os grevistas, mas no último dia 4, apresentou uma lista de propostas, sendo a principal delas a contratação de 148 professores temporários, a serem distribuídos aos cursos mais necessitados até o fim do ano. A oferta dividiu os alunos, gerando debates nos centros acadêmicos. Nesta semana, a Escola Politécnica (Poli) e a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) foram as primeiras a encerrar a paralisação, seguidas pelos estudantes da Faculdade de Direito.

Os professores também aprovaram o fim da greve, mas reafirmaram o apoio ao movimento estudantil. Decidiram que a mobilização continuará, com a divulgação de dados sobre a perda de professores na universidade. Um levantamento realizado pela Folha de S.Paulo mostrou que a USP ampliou o número de estudantes matriculados nas últimas duas décadas, sem garantir a mesma contratação de professores, resultando em uma diminuição de 28% na proporção de docentes por aluno.

O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, reconheceu a lentidão na contratação de professores, atribuindo isso a diversos fatores, incluindo a legislação para a contratação de servidores públicos. Em um vídeo divulgado à comunidade acadêmica, ele afirmou que a admissão de docentes tem sido muito lenta, apesar das 879 vagas já distribuídas às unidades.

A reitoria da USP declarou que não haverá represália política aos estudantes envolvidos nas mobilizações, porém, ressaltou que não pode impedir medidas administrativas e processuais caso haja danos ao patrimônio. Na Escola de Comunicação e Artes (ECA), por exemplo, algumas grades foram derrubadas durante a greve.

A greve na USP evidencia a preocupação dos estudantes e professores com o déficit de docentes na universidade. O movimento busca chamar a atenção para a necessidade urgente de contratação de professores, garantindo a qualidade do ensino e o cumprimento da missão educacional da instituição. A mobilização continua e a expectativa é de que a reitoria apresente novas propostas e soluções para resolver essa problemática.

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