Pesquisa revela que brasileiros mais pobres são os mais temem eventos climáticos extremos em suas cidades.

Uma pesquisa inédita realizada pelo Greenpeace Brasil em parceria com o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) revelou que os brasileiros mais pobres são os que mais temem a ocorrência de eventos climáticos extremos em suas cidades. De acordo com o levantamento, 70% das pessoas das classes D e E afirmam se sentir inseguras em relação a desastres provocados por fatores climáticos, enquanto que entre as classes A e B esse índice é de 56%. Já entre os moradores de periferias, 63% se sentem inseguros.

A desigualdade social também é evidente na percepção da sociedade sobre quem são os mais afetados pelos eventos climáticos extremos. Segundo a pesquisa, 62% reconhecem que são as pessoas em maior situação de vulnerabilidade as mais atingidas. Além disso, um recorte racial das respostas mostrou que a sensação de insegurança é maior entre as pessoas pardas (65%), seguido pelas pretas (61%) e brancas (60%).

No total, 63% dos brasileiros se sentem inseguros ou muito inseguros em relação a desastres ambientais em suas cidades. Segundo o porta-voz de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Igor Travassos, os números do estudo reforçam a importância de o enfrentamento à emergência climática se tornar uma prioridade para o poder público. Ele ressalta que as recentes tragédias em diferentes regiões do país são resultado da falta de políticas efetivas de prevenção e resposta aos eventos extremos.

Outro dado preocupante da pesquisa é a falta de confiança dos brasileiros nas prefeituras locais para prevenir ou reduzir o impacto de desastres, como enchentes e deslizamentos de terra. Segundo o Ipec, 67% dos entrevistados dizem não confiar nada ou confiar pouco nas gestões municipais. Nas capitais, esse número é ainda mais elevado, chegando a 77%.

A desconfiança é maior entre os brasileiros de 25 a 34 anos, com 72% deles afirmando não confiar nas prefeituras. Quando analisado o recorte por raça, 72% das pessoas pretas também expressam falta de confiança, enquanto entre os brancos esse índice é de 63%. Por outro lado, os entrevistados com 60 anos ou mais são os que mais confiam nas prefeituras, com 26% deles afirmando confiar ou confiar muito na capacidade dos governos locais.

A pesquisa foi realizada entre 1º e 5 de setembro deste ano e contou com 2.000 entrevistas presenciais em todo o território nacional. O estudo faz parte de uma pesquisa global realizada pelo Greenpeace Internacional em sete cidades do mundo, incluindo São Paulo, Istambul, Bangalore, Delhi, Nairobi, Jacarta e Bogotá.

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