Debate promovido pela Comissão de Direitos Humanos aborda os impactos da dívida pública na realidade brasileira

No último dia 10 de outubro, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) promoveu um debate intitulado “Uma Visão sobre a Dívida Pública” como parte das celebrações dos 35 anos da Constituição. O evento teve como objetivo resgatar o tema desde a Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988 e discutir os impactos da dívida pública na realidade da população brasileira.

O debate foi aberto com a exibição do documentário “O Complô – como o sistema financeiro e seus agentes políticos sequestraram a economia brasileira”, inspirado no livro do ex-deputado constituinte Hermes Zaneti. A obra aborda o tema do “rentismo” na economia brasileira, ou seja, o ganho monetário não associado à produção.

Durante o evento, constituintes, diretores e participantes do documentário compartilharam suas visões sobre o que eles chamam de “conspiração do sistema financeiro e seus agentes infiltrados” nos três poderes do estado. Eles apontaram como essas forças tramam e sequestram a economia em benefício próprio.

Hermes Zaneti relatou que, durante a elaboração da Constituição, apresentou um projeto que previa uma auditoria nas contas públicas e uma gestão transparente para que a sociedade pudesse acompanhar. No entanto, o projeto foi rejeitado, e os motivos para essa decisão são explicados no livro e no documentário.

Segundo Zaneti, o “rentismo” é um dos principais responsáveis pelos impactos negativos da dívida pública na economia brasileira. Ele destacou que cerca de R$ 2 trilhões dos R$ 5 trilhões do Orçamento da União são destinados ao pagamento da dívida pública, e 82% dos R$ 7 trilhões do atual valor da dívida são originários dos juros. Isso significa que a dívida pública consome recursos que poderiam ser investidos em saúde, educação e outros setores essenciais para a população.

Os participantes do evento ressaltaram que a existência dessa dívida impede uma melhor qualidade de vida para os brasileiros. Além disso, eles afirmaram que o sistema financeiro, ao se expandir sem limites, acaba prejudicando a economia, destruindo empregos e oprimindo o povo.

O diretor do documentário, Luiz Alberto Cassol, enfatizou a importância de expor de forma didática como o sistema financeiro opera, retirando a possibilidade de emancipação do povo brasileiro. Ele liberou a exibição da obra em escolas e universidades, acreditando ser fundamental que as pessoas compreendam o funcionamento desse sistema.

Ricardo Berzoini, ex-deputado e ex-ministro do Trabalho, das Comunicações e da Previdência, destacou que os direitos sociais, civis e econômicos conquistados pela Constituição estão em disputa desde sua promulgação. Ele atribuiu a falta de melhoria na qualidade de vida do povo brasileiro ao garrote da especulação financeira e à apropriação da riqueza nacional por uma minoria.

O debate também abordou os efeitos da política rentista na degradação do meio ambiente e nas mudanças climáticas. Os participantes alertaram que a falta de humanidade do sistema financeiro, aliada ao agronegócio, tem consequências para a população, como a fome e a baixa qualidade de vida.

O documentário, com duração de 24 minutos, foi viabilizado por meio de recursos de sindicatos, entidades do movimento social e pessoas físicas, através de uma campanha de financiamento coletivo. A obra já foi premiada em diversos festivais, incluindo o Twilight Tokyo Film, no Japão, onde recebeu os prêmios de melhor documentário e melhor roteiro na mostra internacional.

O debate promovido pela Comissão de Direitos Humanos foi uma oportunidade importante para refletir sobre os impactos da dívida pública na sociedade brasileira e a influência do sistema financeiro no cenário nacional. O documentário e o livro de Hermes Zaneti trazem luz a discussões relevantes sobre o tema e ajudam a conscientizar a população sobre as questões econômicas que afetam a vida de todos os brasileiros.

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