A briga começou em 2016 após a morte da fundadora do terreiro, Mãe Caçulinha. Em seu testamento, ela pediu que seus trabalhos fossem continuados por cinco anos, sem especificar o que deveria acontecer depois. Os filhos biológicos de Mãe Caçulinha solicitaram que uma das netas, Kátia Luciana Alves Sampaio, a única da família que segue o candomblé, assumisse a casa.
Porém, depois de descobrir que o imóvel acumulou R$47 mil em dívidas de IPTU, os familiares entraram na justiça contra Sampaio, acusando-a de usurpar a posse do local e de utilizar o espaço para abrir uma empresa. Além disso, afirmam que o templo apresenta problemas de manutenção e tem sido invadido.
Sampaio, por sua vez, alega que só acumulou dívidas de IPTU porque os familiares não a autorizaram a requerer a imunidade a que os templos religiosos têm direito. Ela afirma também que a empresa de artesanato africano que mantém no local é utilizada para a manutenção do templo.
A neta de Caçulinha se autodenomina Mametu Kutala da casa, que significa mãe de santo herdeira do terreiro. Ela afirma que o processo de mudança de um terreiro necessita do aval dos orixás, e que o terreno onde está localizado o barracão foi concedido à sua avó como um presente a Oxum, divindade dos rios.
Sampaio acusa os familiares de intolerância religiosa e afirma que tem sido assediada por eles, que a procuram em horários de atendimento espiritual e chegaram a colocar placas de “vende-se” em frente ao terreiro.
Em setembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que o imóvel deveria ser reintegrado aos tios e primos de Sampaio. No entanto, seus advogados já protocolaram recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) propôs um projeto de lei em maio deste ano visando transformar o terreiro em patrimônio material e imaterial.