Freud desenvolveu um método conhecido como catártico, que consistia em uma escuta atenta e livre de julgamentos, incentivando o paciente a falar tudo que viesse à cabeça, promovendo uma lembrança carregada de afeto. Esse método foi desenvolvido após Freud abandonar o uso da hipnose, como retratado em seus “Estudos Sobre a Histeria”. Embora a hipnose e o método catártico tenham sido superados, eles formam a base das descobertas fundamentais da psicanálise, como a transferência.
A transferência é o reconhecimento de que os pacientes transferem para o médico a relação que têm com as principais figuras de suas vidas. Essa descoberta foi crucial para o entendimento e o manejo do tratamento psicanalítico. Ainda hoje, são produzidos livros e artigos que exploram esse tema fascinante.
No entanto, ao longo do tempo, algumas “inovações” terapêuticas surgiram, muitas vezes sendo apresentadas ao público com promessas de cura fácil e rápida. Um exemplo desses abusos é observado no contexto da constelação familiar, onde figuras de suposta autoridade coagem pessoas a participarem de sessões pagas pelo contribuinte. Esse uso indevido da técnica é uma forma de pseudociência que não leva em conta a ciência nem a ética. O mau uso dessas técnicas manipula a transferência e a catarse para impor valores ultraconservadores aos usuários desavisados.
Essas intervenções baseadas em valores inconscientes não elaborados podem afetar negativamente o resultado final dos julgamentos, pois tendem a repetir padrões de alienação e violência. Por exemplo, famílias violentas ou abusadoras podem ser acolhidas em nome do pertencimento, as vítimas são pressionadas a perdoar os agressores em nome da hierarquia, e famílias disfuncionais são incentivadas a permanecer unidas em nome do lema “família acima de tudo”.
Portanto, é crucial que haja uma prática terapêutica baseada em uma teoria em constante revisão, que tenha a ética como fundamento. Caso contrário, qualquer intervenção pode levar à barbárie. A laicidade do Estado é constantemente atacada por programas de ultradireita que buscam impor a manutenção da desigualdade, dos privilégios e da violência em nome do que consideram ser o “bem”.
Em resumo, as descobertas de Freud sobre a rememoração de experiências traumáticas e a transferência trouxeram avanços significativos na psicanálise. No entanto, é importante ficarmos atentos ao mau uso dessas técnicas e às tentativas de impor valores ultrapassados e prejudiciais aos pacientes. Uma prática terapêutica ética e fundamentada na ciência é essencial para garantir os melhores resultados no tratamento dos distúrbios psíquicos.