Método catártico de Freud e abusos terapêuticos: a importância da ética na psicologia.

No ano de 1893, Sigmund Freud, em conjunto com Joseph Breuer, iniciou sua jornada na clínica psicanalítica. Foi nesse momento que ele descobriu que a rememoração de experiências traumáticas podia trazer efeitos terapêuticos para os pacientes. Nessa época, era uma busca constante entender as condições para a cura dos distúrbios psíquicos.

Freud desenvolveu um método conhecido como catártico, que consistia em uma escuta atenta e livre de julgamentos, incentivando o paciente a falar tudo que viesse à cabeça, promovendo uma lembrança carregada de afeto. Esse método foi desenvolvido após Freud abandonar o uso da hipnose, como retratado em seus “Estudos Sobre a Histeria”. Embora a hipnose e o método catártico tenham sido superados, eles formam a base das descobertas fundamentais da psicanálise, como a transferência.

A transferência é o reconhecimento de que os pacientes transferem para o médico a relação que têm com as principais figuras de suas vidas. Essa descoberta foi crucial para o entendimento e o manejo do tratamento psicanalítico. Ainda hoje, são produzidos livros e artigos que exploram esse tema fascinante.

No entanto, ao longo do tempo, algumas “inovações” terapêuticas surgiram, muitas vezes sendo apresentadas ao público com promessas de cura fácil e rápida. Um exemplo desses abusos é observado no contexto da constelação familiar, onde figuras de suposta autoridade coagem pessoas a participarem de sessões pagas pelo contribuinte. Esse uso indevido da técnica é uma forma de pseudociência que não leva em conta a ciência nem a ética. O mau uso dessas técnicas manipula a transferência e a catarse para impor valores ultraconservadores aos usuários desavisados.

Essas intervenções baseadas em valores inconscientes não elaborados podem afetar negativamente o resultado final dos julgamentos, pois tendem a repetir padrões de alienação e violência. Por exemplo, famílias violentas ou abusadoras podem ser acolhidas em nome do pertencimento, as vítimas são pressionadas a perdoar os agressores em nome da hierarquia, e famílias disfuncionais são incentivadas a permanecer unidas em nome do lema “família acima de tudo”.

Portanto, é crucial que haja uma prática terapêutica baseada em uma teoria em constante revisão, que tenha a ética como fundamento. Caso contrário, qualquer intervenção pode levar à barbárie. A laicidade do Estado é constantemente atacada por programas de ultradireita que buscam impor a manutenção da desigualdade, dos privilégios e da violência em nome do que consideram ser o “bem”.

Em resumo, as descobertas de Freud sobre a rememoração de experiências traumáticas e a transferência trouxeram avanços significativos na psicanálise. No entanto, é importante ficarmos atentos ao mau uso dessas técnicas e às tentativas de impor valores ultrapassados e prejudiciais aos pacientes. Uma prática terapêutica ética e fundamentada na ciência é essencial para garantir os melhores resultados no tratamento dos distúrbios psíquicos.

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