A Amazônia se torna o bioma com maior área de pastagem do Brasil, aponta levantamento do MapBiomas

A região que abriga a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, entrou para um novo ranking que compete com sua vegetação nativa. De acordo com o levantamento mais recente feito pela plataforma MapBiomas sobre o uso da terra no Brasil, a Amazônia é atualmente o bioma que possui a maior área de pastagem no país.

Os dados revelam que, de 1985 a 2022, a área ocupada por pastos na Amazônia saltou de 137 mil km² para 577 mil km². Isso significa que, em 38 anos, a área dedicada ao gado aumentou de um território equivalente ao estado do Amapá para uma área equivalente a Minas Gerais.

Os estados amazônicos que mais transformaram floresta em pasto foram o Pará, Mato Grosso, Rondônia, Maranhão e Tocantins. Esses estados foram responsáveis por uma significativa expansão do gado na região.

A concentração de pastos na Amazônia Legal, formada por nove estados, é marcante. Quase metade dos pastos são recentes, com menos de 20 anos. Este bioma concentra 43% do rebanho bovino do país, com mais de 96 milhões de cabeças de gado. Segundo Laerte Ferreira, coordenador do Lapig (Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento) da UFG (Universidade Federal de Goiás), a expansão da pecuária na Amazônia se deu através do desmatamento.

No entanto, Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), alerta para a relação perversa entre a atividade pecuária e o desmatamento. Segundo ela, muitas áreas de pastagem na Amazônia não são produtivas, mas sim utilizadas para demarcar territórios ocupados ilegalmente. O investimento na pecuária é relativamente baixo, o que facilita a ocupação de áreas de floresta pública.

A expansão agropecuária no Brasil ocupa atualmente um terço do território nacional, um aumento de 50% nos últimos 38 anos, de acordo com os dados do MapBiomas. Além da expansão dos pastos, a cultura da soja tem ganhado relevância na Amazônia e o café desponta entre as lavouras perenes.

A degradação das pastagens também preocupa os pesquisadores. No cerrado brasileiro, por exemplo, 60% das pastagens apresentam algum estado de deterioração. No entanto, essa situação pode ser revertida, pois estudos mostram que a recuperação das pastagens aumenta o estoque de carbono no solo, o que poderia compensar uma parte significativa das emissões de gases de efeito estufa.

Diante dessa realidade, é necessário discutir seriamente a intensificação da pecuária, o uso de áreas já desmatadas e o aumento da eficiência produtiva das pastagens. A pecuária na Amazônia é pouco eficiente do ponto de vista produtivo, ocupando grandes áreas com poucas cabeças de gado. Essa conscientização é fundamental para garantir a preservação da floresta e promover um desenvolvimento sustentável para a região.

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