Califórnia busca investimento milionário para pesquisa com psicodélicos e potencial terapêutico das substâncias

A Califórnia está novamente no centro das atenções, mas dessa vez não apenas por sua associação com os psicodélicos dos anos 60. Agora, a discussão envolve ciência, compaixão e muito dinheiro. Uma iniciativa popular chamada Treat California surgiu no estado da Costa Oeste dos EUA, com o objetivo de obrigar o governo a investir US$ 5 bilhões em pesquisas clínicas com substâncias psicodélicas como MDMA, psilocibina, DMT, LSD, mescalina e ibogaína.

Para que o referendo seja incluído na cédula da eleição de 2024, a iniciativa precisa coletar pelo menos 875 mil assinaturas até abril do próximo ano. A meta da organização é alcançar 1 milhão de signatários ainda neste ano, a fim de levantar fundos e convencer os eleitores sobre a importância dessas pesquisas.

A médica Jeannie Fontana, que já teve experiência à frente da Iniciativa de Pesquisa e Curas com Células-Tronco, está liderando essa iniciativa. Fontana, que se interessou pelo tema após sua mãe sofrer com esclerose lateral amiotrófica, integrou o conselho curador do Instituto da Califórnia para Medicina Regenerativa, que atualmente possui um orçamento de US$ 8,5 bilhões.

Agora, Fontana está focada no potencial terapêutico das substâncias psicodélicas, especialmente o MDMA e a psilocibina. Essas substâncias têm se mostrado promissoras no tratamento de transtornos como estresse pós-traumático e depressão. No entanto, é necessário acelerar as pesquisas para melhor compreender seus efeitos e aplicações.

A crise de saúde mental é uma das principais preocupações de Fontana. Ela ressalta a importância de acelerar a pesquisa com substâncias psicodélicas como forma de trazer alívio e esperança para aqueles que sofrem. Fontana destaca que o suicídio é uma das principais causas de morte de bombeiros e profissionais de saúde, além de afetar milhões de veteranos de guerra americanos que sofrem com estresse pós-traumático.

A médica ainda defende o financiamento de estudos clínicos sobre o uso cerimonial ou coletivo de substâncias como psilocibina e DMT, baseado nas práticas tradicionais de povos indígenas do México e da Amazônia, bem como em religiões urbanas brasileiras.

Enquanto a Califórnia discute a descriminalização do porte de pequenas quantidades de substâncias psicodélicas, o Congresso brasileiro ainda cogita tornar crime a posse de qualquer quantidade de droga ilícita.

Essa iniciativa na Califórnia pode ser um marco importante no avanço das pesquisas com substâncias psicodélicas e no reconhecimento de seu potencial terapêutico. Resta aguardar a decisão do governador Gavin Newsom sobre a descriminalização dessas substâncias e torcer para que a iniciativa popular tenha sucesso em sua meta de coletar as assinaturas necessárias para que o referendo seja incluído na cédula eleitoral de 2024. Enquanto isso, o debate no Brasil continua, com propostas opostas em relação ao tratamento das drogas ilícitas.

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