Repórter São Paulo – SP – Brasil

Centro Cultural Jardim Damasceno corre risco de despejo e preocupa comunidade da periferia de São Paulo.

A possibilidade de despejo do Centro Cultural Jardim Damasceno, localizado na Brasilândia, periferia da zona norte de São Paulo, está gerando preocupação entre os moradores da região. O espaço é mantido por meio do trabalho voluntário de membros da comunidade e oferece diversas atividades culturais e educacionais gratuitas.

A notificação da Subprefeitura da Freguesia/Brasilândia exigindo a desocupação do imóvel foi entregue no dia 22 de setembro, interrompendo abruptamente as atividades que ocorriam no local. A comunidade tem um prazo de 15 dias para apresentar uma defesa ou desocupar completamente o espaço.

Miram Macedo, professora do ensino fundamental e moradora da Brasilândia, ressalta que as atividades do centro são legítimas e desempenham um papel fundamental na comunidade, contribuindo para o desenvolvimento e formação das crianças da região. Cerca de 500 pessoas participam mensalmente das atividades oferecidas no local.

O Centro Cultural Jardim Damasceno faz parte de uma rede de locais geridos pela comunidade, conforme estabelecido em um edital elaborado pelo Bloco das Ocupações Culturais e reconhecido pela Secretaria Municipal de Cultura. Uma reunião entre o subprefeito e o Bloco foi realizada para tentar resolver o conflito, porém os representantes da Subprefeitura insistiram que o coletivo opera em uma área inadequada.

Com mais de 20 anos de história, o Centro Cultural Jardim Damasceno tem sido um marco na vida dos moradores da comunidade da zona norte, oferecendo atividades gratuitas como teatro e música. No cenário dos movimentos culturais, é considerado um dos espaços mais antigos da cidade.

Além das atividades culturais, o Centro Cultural também desenvolve projetos relacionados aos direitos humanos, permacultura, audiovisual e artes plásticas. Muitos moradores têm uma forte conexão com o local, como é o caso de Giba, um gari de 24 anos que frequenta o centro desde os 4 anos de idade. Giba trabalha como voluntário, ajudando outras crianças e participando de oficinas de pipa e futebol.

Giba está preocupado com a ordem de despejo, principalmente pelas crianças da comunidade. Ele afirma que as crianças já têm suas rotinas e memórias no Centro Cultural, onde se divertem e socializam com seus colegas. A perda deste espaço afetará profundamente a comunidade. “Não podemos permitir que mais de duas décadas desapareçam repentinamente”, comenta Giba.

Em resposta às demandas dos moradores, a Subprefeitura da Freguesia/Brasilândia alega que a área ocupada pelo centro pertence ao município e não houve solicitação oficial para o uso do espaço público, caracterizando a ocupação como irregular. No entanto, até o momento, não foi oferecida uma alternativa viável pela subprefeitura. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente justifica a notificação atual devido ao planejamento do Parque Linear Córrego Bananal-Canivete, que pode se expandir até a localização do centro cultural.

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