Estudante de 12 anos é vítima de racismo pela quarta vez em escola municipal de São Caetano

No último domingo, um caso de racismo chocou os moradores de São Caetano do Sul. Matheus Santos de Jesus, de apenas 12 anos, foi vítima de mais um episódio de racismo na escola em que estuda, a EMEF Ângelo Raphael Pellegrino. Segundo a família do garoto, esta foi a quarta vez que ele foi alvo de ofensas racistas no ambiente escolar.

A frase racista proferida por um colega de classe durante o horário do lanche, “Matheus, você está comendo? Nem parece africano”, repercutiu nas redes sociais após os pais do menino relatarem o caso e registrarem um boletim de ocorrência. O incidente causou indignação na população, e grupos de movimentos negros foram convocados para uma reunião no paço municipal de São Caetano nesta quinta-feira (05/10) para discutir o assunto.

Luiz Fernando de Jesus e Patrícia Santos, pais de Matheus, contrataram uma advogada, Bruna Cândido, para acompanhar o caso. De acordo com a advogada, houve uma grande mobilização na cidade, com a formação de um grupo de mães que relataram outros casos de racismo nas escolas. Bruna, que também já foi vítima de racismo na rede pública de São Caetano, afirma que este é um problema recorrente e que nada tem mudado nos últimos 30 anos.

Matheus, abalado emocionalmente pelos episódios de racismo, enviou mensagens aos pais pedindo para sair da escola, afirmando que não aguenta mais a situação. Atualmente, ele segue frequentando a escola sob supervisão, mas está em tratamento com um psicólogo. A família solicitou a transferência do garoto para outra instituição de ensino, mas afirmam que a escola não disponibilizou nenhum profissional para auxiliar a criança.

A prefeitura de São Caetano do Sul se pronunciou por meio de uma nota, repudiando o ocorrido e afirmando que não compactua com qualquer forma de racismo ou preconceito. A Secretaria de Educação informou que irá se reunir com a família de Matheus, representantes da deputada Érica Hilton (PSol) e o Ministério Público para discutir o assunto. Além disso, a prefeitura mencionou a criação da Escola de Pais, com palestras voltadas à reflexão sobre a garantia dos direitos das crianças e adolescentes.

Diante da repercussão do caso, ativistas do Movimento Negro Unificado, da Coalizão Negra por Direitos e da Associação Nacional da Advocacia Negra estão organizando um ato pacífico em frente à escola municipal. A família de Matheus também planeja mover uma ação contra a prefeitura e estudam entrar com uma ação coletiva em nome das demais famílias que relataram casos de racismo.

É lamentável que em pleno século XXI ainda presenciemos casos de racismo, principalmente no ambiente escolar. É necessário um trabalho efetivo por parte das instituições de ensino, visando a educação antirracista, e uma maior conscientização por parte da sociedade como um todo. O caso de Matheus serve como um alerta sobre a urgência de se combater o racismo e promover a igualdade racial.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo