Repórter São Paulo – SP – Brasil

A despolitização da greve e a privatização: uma reflexão sobre a leitura dos jornais

A greve que ocorreu nesta terça-feira (3) nos trens do Metrô e CPTM, bem como na Sabesp, teve uma motivação política, segundo um editorial da Folha de S.Paulo intitulado “Privatize-se”. O texto enfatiza a importância de despolitizar temas que são inerentemente políticos, como as decisões sobre o transporte público e a privatização de serviços essenciais.

A abordagem de qualificar a greve como política enquanto a privatização seria técnica reforça uma divisão que exclui o político das decisões relacionadas à propriedade. Essa separação entre os Estados que governam pessoas e o mundo da propriedade e suas leis é essencial para entendermos o neoliberalismo e sua relação com a privatização.

Segundo o autor Quinn Slobodian, o neoliberalismo busca proteger a propriedade de qualquer escrutínio democrático. Portanto, o problema não é apenas ser a favor da privatização de serviços que são direitos básicos, mas sim desconsiderar a natureza política dessa posição.

É comum confundir embates político-partidários com politicagem e interpretar eleições como referendos onde o vencedor leva tudo. Essa despolitização da vida contribuiu para o surgimento do bolsonarismo e tem consequências diretas na forma de vida nas grandes metrópoles. Estamos travando uma disputa política sobre quem controla e como controla os rumos da cidade e em benefício de quem. Portanto, é fundamental politizar essas questões.

Um exemplo disso é a importância do debate sobre o controle do transporte público. Desde os protestos de junho de 2013, o tema do passe livre se tornou uma possibilidade de discussão. Nesse contexto, a “razão dos centavos” representa a luta política pelo controle da cidade e dos recursos públicos.

Despolitizar temas políticos essenciais é um projeto político em si, pois impede que o coletivo exerça seu direito de influenciar nas decisões que afetam sua vida. Portanto, é essencial entender a política por trás das notícias que consumimos e não se deixar levar por discursos que tentam despolitizar questões fundamentais.

Sair da versão mobile