Presidente da CPMI é questionado por desmarcar depoimento de Braga Netto e convocar representante da Força Nacional

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dia 8 de janeiro de 2023, deputado Arthur Maia (União-BA), foi confrontado no início da sessão desta terça-feira (3) por ter cancelado o depoimento de Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Bolsonaro, que estava previsto para esta quinta-feira (5). Sem fornecer uma explicação para a mudança, Maia decidiu, de última hora, colocar em votação a convocação de Sandro Augusto Sales Queiroz, então Comandante do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. No entanto, o requerimento acabou sendo derrotado por 14 votos contra 10.

A convocação de Queiroz é uma demanda da oposição na CPMI, que argumenta que o Ministério da Justiça se omitiu no dia 8 de janeiro, quando ocorreram ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. Por outro lado, os deputados governistas alegam que essa estratégia busca desviar o foco das investigações.

Durante a sessão, o deputado Duarte Junior (PSB-MA) questionou a convocação de Queiroz, alegando que há provas de que ele não estava de plantão no dia 8 de janeiro e teria sido selecionado apenas por suas relações com políticos bolsonaristas. Em resposta, Maia afirmou que está respondendo a uma provocação da base governista e que está sendo obrigado a colocar o requerimento em votação em defesa do seu nome e da CPMI.

Essa decisão de Maia foi celebrada pela oposição. O senador Esperidião Amim (PP-SC) afirmou que esse era o momento mais importante da CPMI, argumentando que o fato de um contingente da Força Nacional estar presente no Ministério da Justiça e Segurança Pública e não ser convocado para esclarecimentos é uma vergonha.

Além disso, durante a sessão, o deputado Rogério Correia (PT-MG) questionou o cancelamento do depoimento de Braga Netto, alegando que há indícios de sua participação nos atos golpistas. Em substituição a Netto, Maia marcou o depoimento do subtenente da Polícia Militar do Distrito Federal, Beroaldo José de Freitas Júnior, que foi promovido por atos de bravura após tentar impedir a invasão das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.

Maia ressaltou a falta de tempo da CPMI e afirmou que o depoimento de Netto seria uma conveniência política. Ele também marcou uma reunião com a comissão nesta quarta-feira (4) para tentar chegar a um acordo para finalizar a CPMI, cujo relatório final está previsto para ser apresentado no dia 17 de outubro. A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), defendeu em entrevista à TV Senado antes da sessão que os depoimentos de Braga Netto e dos comandantes das três Forças Armadas do governo anterior sejam realizados, mas garantiu que há elementos suficientes para concluir o relatório da CPMI mesmo sem esses depoimentos.

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