Após o 8 de Janeiro, quando os apoiadores de Bolsonaro invadiram o Capitólio nos EUA, o bolsonarismo reduziu sua intensidade. Isso se deve, em parte, à covardia do próprio líder que abandonou o país e não conseguiu executar o golpe de Estado prometido. Sem uma liderança clara, tem-se a impressão de que a extrema direita está desorganizada, mas há indícios de que ela continua em movimento, mesmo com o desmembramento do bolsonarismo. Enquanto a ala intervencionista está desmoralizada, os neoconservadores permanecem ativos.
Um exemplo disso foi a eleição dos conselhos tutelares, na qual as pautas conservadoras ganharam força. Igrejas evangélicas, políticos e influenciadores se mobilizaram para eleger representantes que defendessem sua agenda. O pastor Silas Malafaia, por exemplo, conseguiu emplacar dez conselheiros no estado do Rio de Janeiro. Esse movimento vai além da ocupação de cargos e influência, é também uma preparação para as eleições municipais de 2024.
Outro sinal de que a extrema direita continua forte é seu domínio nas redes sociais. Segundo a reportagem de Uirá Machado, a direita está bem à frente da esquerda na batalha digital. Enquanto isso, a esquerda parece estar mais preocupada em impor sua agenda progressista e cancelar aqueles que não seguem suas regras, do que em se fortalecer politicamente.
Diante desse panorama, é preciso que a esquerda se mobilize novamente e reconheça que a luta política ainda está em curso. É necessário combater as pautas conservadoras e reacionárias, ao mesmo tempo em que se fortalece nas redes sociais e nas estruturas de poder. A falsa calmaria atual pode ser um momento crucial para a construção de um futuro mais progressista e igualitário.