No terminal Corinthians-Itaquera, na zona leste de São Paulo, os passageiros se reuniram em frente ao portão que dá acesso às plataformas enquanto aguardavam informações sobre o serviço. As linhas 3-vermelha do Metrô e 11-coral da CPTM, que passam pela estação, estão paralisadas.
Djalma Bessa, um trabalhador que utiliza o metrô e o trem todos os dias para ir até Osasco, na região metropolitana de São Paulo, afirmou que apesar do transtorno, apoia o movimento dos trabalhadores. Ele ressaltou a importância de comprovar as reivindicações para que o empregador acredite nelas.
Os problemas causados pela greve foram visíveis desde as primeiras horas do dia. Por volta das 4h30, seguranças posicionaram placas informando que a estação estava fechada em razão do movimento grevista. No mesmo horário, militantes e sindicalistas colaram cartazes no portão com mensagens contra a privatização de serviços públicos e distribuíram panfletos aos passageiros.
As linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata do Metrô estão completamente paralisadas, assim como todas as linhas administradas pela CPTM. Entretanto, às 5h, a linha 11-coral foi aberta com circulação restrita entre as estações Itaquera e Luz, onde há conexão com a linha 4-amarela, que opera normalmente. As linhas 4-amarela e 5-lilás de metrô, assim como as linhas 8-diamante e 9-esmeralda, devem seguir operando normalmente nesta terça-feira.
Decisões da Justiça do Trabalho determinaram que tanto o Metrô quanto a CPTM funcionem com capacidade total nos horários de pico. Nos demais horários, os funcionários devem garantir 80% do efetivo de trabalhadores.
Os sindicalistas pediram na Justiça o direito de substituir a paralisação por um protesto com catracas livres, uma reivindicação histórica da categoria. Entretanto, o TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região) recusou essa possibilidade. A juíza Raquel Gabbai de Oliveira, que julgou a ação sobre a greve na CPTM, aceitou o argumento da companhia de que liberar as catracas poderia provocar tumulto e risco de acidentes.
Diante da greve, a prefeitura de São Paulo suspendeu o rodízio de veículos na cidade e as aulas nas escolas estaduais. No entanto, as atividades seguem mantidas na rede municipal paulistana. Além disso, o governo paulista decretou ponto facultativo nos serviços públicos estaduais de saúde.
Essa é a segunda greve ocorrida no Metrô em 2023. A última foi registrada em março, com uma paralisação de dois dias, em que os metroviários pediam reajustes salariais e melhorias nas condições de trabalho.
Os sindicatos argumentam que as concessões de linhas de transporte e da operação da rede de água e esgoto vão piorar a qualidade dos serviços. Eles citam como exemplo o aumento das falhas nas linhas 8-diamante e 9-esmeralda, administradas pela ViaMobilidade.
O governo estadual de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas, defende a privatização das linhas remanescentes da CPTM, assim como das linhas do Metrô administradas diretamente pela empresa pública. Além disso, a gestão de Tarcísio planeja transferir a Sabesp à iniciativa privada. No entanto, a greve convocada pelos sindicatos de trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp recebeu críticas do governo, sendo classificada como “ilegal e abusiva” e acusada de tornar a população refém do transporte público. O governo ainda considera injustificável que o direito constitucional de greve seja utilizado para ataques políticos e ideológicos.